terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Palavras sábias...

"Será um dia feliz aquele em que te aperceberes que como falhado és das pessoas mais bem sucedidas."

- Ensinamentos do profeta Jacobias


Ivocatii

sábado, 19 de novembro de 2011

Uma pequena constatação...

Desconheço se os estimados 3,5 leitores (o 0,5 é referente ao caríssimo leitor que, embora sendo um primata, não é um hominídio) que aqui vagueiam quando o rei faz anos são ávidos cinéfilos ou telespectadores. No entanto, gostaria apenas de constatar que nas séries televisivas (especialmente as dos anos 90 e anteriores), nos filmes, etc., naquelas cenas filmadas dentro dum veículo em andamento, o condutor está constantemente a agitar o volante mesmo estando o veículo a andar em linha recta.

Problema:

1) Será uma mensagem subliminar imposta para desenvolver a insegurança dos automobilistas?

2) Ou será simplesmente um método rasca de dar ao espectador a sensação de movimento?


Ivocatii

domingo, 24 de julho de 2011

DE VITA MEA

Com o temor de que este género de publicação seja demasiado ad puellam, decidi, ainda assim, ‘postar’ isto tendo em conta a inactividade deste blogue e o meu desejo de que tal não perdure. Na ausência de um tema de maior importância ou interesse (acima de tudo, interesse), decidi falar acerca dum indivíduo que não é nem prestigiado nem conceituado em meio algum, id est, decidi falar de mim.


Devo de admitir que este ano lectivo que passou foi o melhor de toda a minha curta vida. Finalmente estudo algo que gosto, ao invés do secundário onde tive cadeiras (peço desculpa, disciplinas) que não me agradavam muito, como foi o caso de Biologia (se a minha professora estiver a ler isto, rogo que me perdoe) onde tinha de estudar coisas que me fazem lembrar aqueles frutos secos que se comem no Natal, só que sem o mesmo sabor. Apesar de ter feito algumas escolhas erradas (ou menos acertadas), não me arrependo porque talvez se tivesse escolhido aquilo que agora acho que seria o melhor, muito provavelmente estaria a pensar “talvez tivesse sido melhor escolher a outra coisa”. Pelo menos essas escolhas serviram para melhor me conhecer. Como diz Agostinho da Silva: tudo o que de mal me acontece serve para me ajudar. O importante é que agora estou no caminho que melhor se adapta aos meus pés. Consegui terminar o ano com média de 17 valores (mais do que projectava) e, se tudo correr bem, em 2012 terei a minha primeira publicação numa revista académica, o que me deixou muito feliz. Embora seja apenas uma recensão dum evento, para mim é algo muito bom, tendo em conta que a minha única publicação em papel anterior a isso foi um texto sobre …amor… (estava naquela idade estúpida) no jornal do Seixal. Felizmente não surgiu o meu nome, o que me poupa de todo o processo de vergonha e humilhação.


Tive uma boa experiência no curso onde estou, quer com colegas quer com professores. Consegui dar, com sucesso, explicações de Lógica durante o 1º semestre a uns colegas meus que tiveram a amabilidade de me aturar e de me pagar alguns almoços na cantina velha. No 2º, desenvolvi, pela primeira vez na minha vida, um trabalho sobre Camões (o meu ídolo, se é lícito idolatrar alguém), no qual empreendi uma análise simbólica de toda (!) a obra Os Lusíadas, procurando dar a entender ao leitor, primeiro, que a Viagem dos portugueses pode, simbolicamente, descrever a Viagem do Homem e o Mito da Queda, segundo, que as relações entre os elementos do plano fantástico-literário continuam a fazer sentido quando trasladadas para o plano simbólico-metafísico (o que certamente interessa ao presente leitor deste ‘post’). Finalmente, aproveitei as férias de Verão para fazer um curso livre de Introdução ao Latim. E não esquecendo a minha barba que atingiu a sua maior dimensão de sempre durante este ano até que o maléfico Verão me forçou a mutilá-la: rios de lágrimas e tufos de pêlos correram pelo lavatório e depois pela sanita quando aquele entupiu.


E foi este o meu maravilhoso ano. Caso o leitor não sinta interesse no que acabei de escrever, pode sempre olhar para a minha fotografia de infância (certamente que será muito mais fascinante):

Ivocatii

domingo, 22 de maio de 2011

Aforismo #3

Quando finalmente o Homem trocar o orgulho pela verdade, ele vai desejar ardentemente que o desiludam.


Ivocatii

Aforismo #2

Se os nossos problemas fossem exteriores à nossa mente, então eles continuariam a existir após a nossa morte, o que não é o caso.


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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Aforismo #1

Haverá um homem tão céptico que duvide do seu próprio cepticismo?


Ivocatii

terça-feira, 12 de abril de 2011

O Auto de Sócrates

Num momento de transe filosófico (sim, eu também tenho disso) redigi esta peça/poema ao estilo de Gil Vicente. Trata-se de um prelúdio do Auto da Barca do Inferno onde surge uma nova personagem: Sócrates, o tipo que andava demasiado ocupado a chatear pessoas nas ruas de Atenas com perguntas chatas tais como «O que é a virtude?», «O que é o Saber?» e «O que é Ser?» para que tivesse tempo de escrever o que quer que fosse e por isso temos de confiar no testemunho dum tal Platão (o homem tinha os ombros largos) e dum Xenofonte (um zé-ninguém que nunca conseguiu ser tão famoso quanto o anterior). Consta que era um pai e marido negligente e vivia da comida que os que o recebiam em casa lhe davam. Irritou uns quantos magistrados atenienses e por isso foi condenado à morte por evenenamento com cicuta (uma planta). As suas últimas palavras foram um pedido para que fosse oferecida uma galinha a Asclépio (o deus da medicina). Apesar de eu me ter comprometido a não publicar poesia neste blogue, creio que esta é uma aceitável excepção.


(O Diabo e o Companheiro avistam um homem velho aproximar-se. O homem vem vestido com uma toga suja, descalço e com uns papeis em branco. Ao chegar à barca do Diabo pousa os papeis no chão. O Diabo imediatamente reconhece o homem e com um gesto ordena ao Companheiro que guarde os papeis. O Companheiro pega nos ditos e coloca-os numa caixa dentro da barca.)

Diabo
Ó Sócrates, já arcadámos teus papeis.
Escolhe agora um dos batéis.

Sócrates
Qual deles? Este aqui da esquerda?

Diabo
Sim, sim! Ires no outro será para nós uma grande perda.

Sócrates
E para onde vai este batel triunfal?
Acaso não irá para o burgo infernal?

Diabo
Ai podes crer que irá. Direitinho para o Tartarus!

Sócrates
Para o reino do Hádes e do terrível Cerebrus?!

Diabo
Falas de forma bela mas não vos preocupais
Que pela viagem e pelo serviço não pagareis mais
Do que aquilo que já devieis ao barqueiro
Quando vos forneceram, na morte, o dinheiro.

Sócrates
Eu vou antes ali ao batel do invisível,
Que vendo este, me parece mais apetecível.

(Sócrates dirige-se ao batel do Anjo.)

Sócrates
Ó da barca! Ó senhor das boas maresias!
Leva-me ao reino do inteligível, ao reino das oussias!
Meus pés, calejados e sofridos da minha idade
Anseiam por palmilhar a planície da verdade.

Anjo
Quem ousa interromper meu divinal petisco?

Sócrates
Sou Sócrates de Atenas, o filho de Sofronisco.
O mais sábio dos homens da humanidade educada
E o mais sábio sou porque não sei nada.

Anjo
Onde está a tua mítica modéstia?

Sócrates
Essa findou-se na hora funéstia:
Foi-me útil enquanto minha vida durou;
Dificilmente lhe darei proveito, agora que morto estou.

Anjo
Não me parece que aqui entre um sofista.

Sócrates
O quê?! Não pode ser! Verifica de novo a lista.

Anjo
A verdade te digo. Aqui não entrarás!
Dirige-te ali a meu irmão. Com ele decerto partirás.

Sócrates
Como pode um sábio da minha sorte
Ser privado do seu divinal transporte?!
Oh que mundo cruel! Oh que mundo vil!
Em que um homem como eu, um homem tão servil…

Anjo
Cessa teu queixume! Pareces uma velha lavadeira!
Em vida viveste sempre de maneira
Pretensiosa e arrogante, por isso, agora,
Seguirás na outra barca. Despacha-te que já é hora!

(Afugentado pelo Anjo, Sócrates dirige-se cabisbaixo à barca do Diabo.)

Diabo
Ah que saudades tinha de ti, meu sabichão!
Como correu a conversa ali com meu irmão?

Sócrates
Foi recusada a minha entrada no paraíso.
Consta que em vida não fiz o que era preciso.

Diabo
Ninguém o fez! Ninguém o faz! Ninguém!
Transportei três epicuristas ainda ontem.
Não sei porque não fecham aquela caravela.
Nunca lá tem passageiros nem clientela!

Sócrates
Chega de dialéctica! Finda teu discurso!
Solta a vela, levanta a âncora. Iniciemos nosso curso.

Diabo
O mar está picado, o vento está de bolina.
Ainda assim partiremos. Larguemos a marina!


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sexta-feira, 11 de março de 2011

A ideia de Ser

[Encontram-se a negrito as palavras que alterei de minúsculas para maiúsculas com vista a enfatizar a ideia do texto.]

«A ideia de Ser, tem-se dito, é a mais alta abstracção a que o homem pode chegar, depois que desproviu os seres singulares de tudo o que os distingue e faz deles seres determinados. A ideia de Ser é, assim, uma ideia de extensão máxima e de compreensão mínima: de extensão máxima, porque, sendo a ideia mais abstracta possível, convém a tudo o que É ou pode Ser; de compreensão mínima, porque abstrai de toda e qualquer característica qualidade particular. Deste modo, ao Ser nada se pode acrescentar, pois tudo o que existe ou pode existir é Ser. Todos os seres singulares são o Ser, mas cada um é-o de um modo peculiar. Admitindo que os seres singulares são espécies de seres, alguns autores afirmam que o Ser em geral é um género supremo. Outros, porém, contestando tal parecer, sustentam que o Ser não é um género mas uma noção que, transcendendo ou superando todas as categorias do Ser, se aplica a tudo o que pode existir ou existe de qualquer modo. É por isso que [os] metafísicos afirmam que a ideia de Ser é imanente a todas as categorias (na medida em que todas participam do Ser) e ao mesmo tempo transcendente a todas as categorias (na medida em que as supera a todas). E acrescentam: a ideia de Ser transcende não só cada uma das categorias do ser considerada de per si, mas ainda todas as categorias em conjunto, porque abrange não só todos os seres finitos, que se dividem em categorias, mas ainda o Ser infinito, que está acima das categorias.
Quando considerado em si mesmo, e de um modo absoluto, do Ser nada se pode dizer senão que é o Ser. Quando considerado em si mesmo, mas agora não já de um modo absoluto mas de um modo negativo, pode dizer-se do Ser que ele é em si mesmo indiviso, i.e., uno.
O Ser é tudo o que, em qualquer grau, se opõe ao nada. Tudo o que é Ser é uno e indiviso. O Ser, dizem os metafísicos, é uno e transcendente.»

Vasco de Magalhães Vilhena, Pequeno Manual de Filosofia, «Cap. XXVIII – Alguns problemas metafísicos» Livraria Sá da Costa, 2ª ed., 1956, pp. 602-603

Ivocatii

sábado, 5 de março de 2011