sábado, 30 de maio de 2009

Reflexão - realidade e verdade

Mas por que razão só me lembro de falar sobre estas coisas quando estou na cama quase a adormecer? Talvez porque é a essa hora que não tenho mais nenhuma distracção e posso concentrar-me nestes assuntos que contribuem em muito para a felicidade da espécie humana. A única distracção que possa haver a essa hora seria a luz dos postes eléctricos que se vê através da abertura da persiana ou o tecto do meu quarto. Mas avaliando essas alternativas acho que prefiro fazer esta pequena reflexão.
Ora bem, uma coisa que as pessoas costumam dizer com bastante frequência é “eu tenho razão e tu não” ou “isso não faz sentido” ou até mesmo “isso está errado, isto está certo”. Mas agora eu pergunto mesmo: será que está mesmo certo? O que eu quero dizer é que cada um de nós tem a sua própria realidade, a sua verdade. O que nós entendemos por realidade é o conjunto de regras que definem o mundo, ou seja, aquilo que nós acreditamos que existe, e tal como nas crenças, cada um tem a sua realidade a qual é totalmente distinta das realidades dos outros. O que na minha realidade pode ser perfeitamente lógico na sua pode ser a maior das parvoíces. E onde eu quero chegar é ao facto de termos de respeitar a realidade dos outros admitindo que, visto de outro ângulo, as coisas podem ser totalmente diferentes.
E agora perguntam-me: e se um criminoso achar que, na sua realidade, o crime que cometeu foi correcto e que não merece ser castigado? A resposta é óbvia: tem de ser punido! As realidades não estão isoladas, se tivessem seriam impossíveis todas as relações sociais da nossa querida espécie. Uma boa forma de demonstrar o que quero dizer é usar o exemplo das bolhas de sabão, elas são individuais e dificilmente se fundem mas tocam umas nas outras e empurram-se. Cada bolha é uma realidade distinta e tem a sua própria identidade, mas no entanto interagem entre si. O problema é quando uma bolha (ou realidade) vai contra outra bolha com tanta força que rebenta com a última. Os crimes são isso mesmo, é quando a minha realidade perturba a sua de forma prejudicial. E para punir esses crimes inventaram as leis, que não são mais que uma realidade, e a prova disso é que cada país, religião ou povo tem as suas próprias leis. Nós, ocidentais, achamos que alguém que assalta um banco merece uns quantos anos de prisão, no entanto os árabes acham que quem comete um assalto a um banco merece a amputação da mão. Então usamos a realidade da Lei para julgar em vez de fazermos justiça segundo a nossa realidade.
E novamente me perguntam: então e se duas pessoas concordarem totalmente em todos os aspectos quer dizer que têm a mesma realidade? Nada disso, cada um tem a sua própria “bolha”, só que às vezes para conseguirmos integrar-nos na sociedade temos de moldar a nossa realidade à realidade de outros ou a algum padrão social e daí termos grupos de pessoas que pensam da mesma forma. São várias realidades mas com a mesma forma e padrão.
Concluo por dizer que na minha realidade isto que escrevi faz todo o sentido mas na sua pode ser algo que, imprimido, dava um bom papel higiénico, só é pena os químicos da tinta fazerem mal à pele do nosso bout.


Ivocatii

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Génio da Lâmpada (parte 11)

O Génio e a Rapariga continuavam no seu momento de amor…

Mário – Momento de amor?! É mais momento de meter nojo aos outros! Olha-me para aquelas poucas vergonhas. Sinceramente!

Shiu! Não interrompas o narrador! O Génio e a Rapariga continuaram abraçados até que o Génio, afastando a sua cara da dela, faz uma cara preocupada.

Génio – Há uma coisa que te preciso de dizer. E é importante.
Rapariga – Já me estás a assustar! Diz lá o que é.
Génio – É que eu…

Nem dando tempo ao Génio de terminar a frase, Mário começa a tossir compulsivamente.

Mário – Não podemos voltar para trás porque o edifício está a arder.
Génio – Deve ter sido o Fritz, não o devíamos ter deixado fugir!
Mário – E agora como vamos fazer? Sou novo demais para morrer!

Mário e Sandro começaram a chorar.

Génio – Que vergonha, dois matulões a chorar hahahaha!
Rapariga – Já que não podemos ir pelas escadas então resta-nos saltar pela janela.
Génio – Mas não nos esborrachamos no chão?
Rapariga – Não, isto é à beira-mar e podemos saltar para dentro de água. Há uns barcos mais a frente e podemos usá-los para voltar para terra.
Génio – Mas tenho medo das alturas.
Mário – Hahaha quem é agora o medricas? Quem? Vamos lá saltar!

Os quatro espreitaram pela janela e para maior medo de todos estavam num terceiro andar.

Rapariga – Quem é o primeiro a saltar?
Sandro – Mmm… eu…

Sandro lança-se desde o terceiro andar do edifício e cai dentro de água mergulhando em profundidade e voltando à superfície uns momentos depois. É a vez de Mário.

Mário – Aqui vou eu! Ikese! (gritou uma coisa qualquer em japonês)
Rapariga – E tu Génio saltas?
Génio – Tenho medo...
Rapariga – Vá lá! Sê corajoso! Sou eu a pedir.

A Rapariga fez uma cara à qual o Génio não pode resistir (o poder que as mulheres têm sobre nós) e ele saltou soltando um grito e aterrando na água não muito longe de Mário. De seguida saltou ela aterrando mesmo ao pé do Génio. E assim estavam todos dentro de água a nadar, uns mais que outros, em direcção a um barco de madeira que se encontrava ancorado a uma bóia. O nome de tão oportuno batel era O Caga na Meia, nome engraçado para um barco. Mário e Sandro foram os primeiros a subir a bordo ajudando depois o Génio e a Rapariga a entrar. E ali se encontravam os quatro personagens dentro do Caga na Meia a observar o edifício em chamas a ruir.

Génio – Olha se ainda estivéssemos ali dentro.
Mário – Que terá acontecido ao Fritz? Será que escapou?
Rapariga – Preocupamo-nos com isso depois. Agora vamos voltar para terra.

E novamente ela se abraçou ao Génio.

Rapariga – Quase que te ia perdendo. Não quero ficar sem ti.

O Génio esboçou um sorriso que foi compatível com o sentimento dela.

Mário – Outra vez! Ai que temos a açorda entornada!
Génio – Cala-te e rema.


Mário e Sandro pegaram nos dois remos e puseram-se a remar.

Continua...


Ivocatii