Desconheço se os estimados 3,5 leitores (o 0,5 é referente ao caríssimo leitor que, embora sendo um primata, não é um hominídio) que aqui vagueiam quando o rei faz anos são ávidos cinéfilos ou telespectadores. No entanto, gostaria apenas de constatar que nas séries televisivas (especialmente as dos anos 90 e anteriores), nos filmes, etc., naquelas cenas filmadas dentro dum veículo em andamento, o condutor está constantemente a agitar o volante mesmo estando o veículo a andar em linha recta.
Problema:
1) Será uma mensagem subliminar imposta para desenvolver a insegurança dos automobilistas?
2) Ou será simplesmente um método rasca de dar ao espectador a sensação de movimento?
Ivocatii
O blog em que se fala de tudo... de tudo aquilo que não interessa nem ao menino Jesus. Quanto mais às pessoas ditas «normais», mas o que é uma pessoas normal? Será que existe uma espécie de média para calcular a normalidade de uma pessoa? Enfim, é disto que se fala aqui assuntos filosóficos tão...vocês sabem! Estupidez da pura, portanto (dizem uns). Isto promete!
sábado, 19 de novembro de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
DE VITA MEA
Com o temor de que este género de publicação seja demasiado ad puellam, decidi, ainda assim, ‘postar’ isto tendo em conta a inactividade deste blogue e o meu desejo de que tal não perdure. Na ausência de um tema de maior importância ou interesse (acima de tudo, interesse), decidi falar acerca dum indivíduo que não é nem prestigiado nem conceituado em meio algum, id est, decidi falar de mim.
Devo de admitir que este ano lectivo que passou foi o melhor de toda a minha curta vida. Finalmente estudo algo que gosto, ao invés do secundário onde tive cadeiras (peço desculpa, disciplinas) que não me agradavam muito, como foi o caso de Biologia (se a minha professora estiver a ler isto, rogo que me perdoe) onde tinha de estudar coisas que me fazem lembrar aqueles frutos secos que se comem no Natal, só que sem o mesmo sabor. Apesar de ter feito algumas escolhas erradas (ou menos acertadas), não me arrependo porque talvez se tivesse escolhido aquilo que agora acho que seria o melhor, muito provavelmente estaria a pensar “talvez tivesse sido melhor escolher a outra coisa”. Pelo menos essas escolhas serviram para melhor me conhecer. Como diz Agostinho da Silva: tudo o que de mal me acontece serve para me ajudar. O importante é que agora estou no caminho que melhor se adapta aos meus pés. Consegui terminar o ano com média de 17 valores (mais do que projectava) e, se tudo correr bem, em 2012 terei a minha primeira publicação numa revista académica, o que me deixou muito feliz. Embora seja apenas uma recensão dum evento, para mim é algo muito bom, tendo em conta que a minha única publicação em papel anterior a isso foi um texto sobre …amor… (estava naquela idade estúpida) no jornal do Seixal. Felizmente não surgiu o meu nome, o que me poupa de todo o processo de vergonha e humilhação.
Tive uma boa experiência no curso onde estou, quer com colegas quer com professores. Consegui dar, com sucesso, explicações de Lógica durante o 1º semestre a uns colegas meus que tiveram a amabilidade de me aturar e de me pagar alguns almoços na cantina velha. No 2º, desenvolvi, pela primeira vez na minha vida, um trabalho sobre Camões (o meu ídolo, se é lícito idolatrar alguém), no qual empreendi uma análise simbólica de toda (!) a obra Os Lusíadas, procurando dar a entender ao leitor, primeiro, que a Viagem dos portugueses pode, simbolicamente, descrever a Viagem do Homem e o Mito da Queda, segundo, que as relações entre os elementos do plano fantástico-literário continuam a fazer sentido quando trasladadas para o plano simbólico-metafísico (o que certamente interessa ao presente leitor deste ‘post’). Finalmente, aproveitei as férias de Verão para fazer um curso livre de Introdução ao Latim. E não esquecendo a minha barba que atingiu a sua maior dimensão de sempre durante este ano até que o maléfico Verão me forçou a mutilá-la: rios de lágrimas e tufos de pêlos correram pelo lavatório e depois pela sanita quando aquele entupiu.
E foi este o meu maravilhoso ano. Caso o leitor não sinta interesse no que acabei de escrever, pode sempre olhar para a minha fotografia de infância (certamente que será muito mais fascinante):
Ivocatii
domingo, 22 de maio de 2011
Aforismo #3
Quando finalmente o Homem trocar o orgulho pela verdade, ele vai desejar ardentemente que o desiludam.
Ivocatii
Ivocatii
Aforismo #2
Se os nossos problemas fossem exteriores à nossa mente, então eles continuariam a existir após a nossa morte, o que não é o caso.
Ivocatii
Ivocatii
quarta-feira, 20 de abril de 2011
terça-feira, 12 de abril de 2011
O Auto de Sócrates
Num momento de transe filosófico (sim, eu também tenho disso) redigi esta peça/poema ao estilo de Gil Vicente. Trata-se de um prelúdio do Auto da Barca do Inferno onde surge uma nova personagem: Sócrates, o tipo que andava demasiado ocupado a chatear pessoas nas ruas de Atenas com perguntas chatas tais como «O que é a virtude?», «O que é o Saber?» e «O que é Ser?» para que tivesse tempo de escrever o que quer que fosse e por isso temos de confiar no testemunho dum tal Platão (o homem tinha os ombros largos) e dum Xenofonte (um zé-ninguém que nunca conseguiu ser tão famoso quanto o anterior). Consta que era um pai e marido negligente e vivia da comida que os que o recebiam em casa lhe davam. Irritou uns quantos magistrados atenienses e por isso foi condenado à morte por evenenamento com cicuta (uma planta). As suas últimas palavras foram um pedido para que fosse oferecida uma galinha a Asclépio (o deus da medicina). Apesar de eu me ter comprometido a não publicar poesia neste blogue, creio que esta é uma aceitável excepção.
(O Diabo e o Companheiro avistam um homem velho aproximar-se. O homem vem vestido com uma toga suja, descalço e com uns papeis em branco. Ao chegar à barca do Diabo pousa os papeis no chão. O Diabo imediatamente reconhece o homem e com um gesto ordena ao Companheiro que guarde os papeis. O Companheiro pega nos ditos e coloca-os numa caixa dentro da barca.)
Diabo
Ó Sócrates, já arcadámos teus papeis.
Escolhe agora um dos batéis.
Sócrates
Qual deles? Este aqui da esquerda?
Diabo
Sim, sim! Ires no outro será para nós uma grande perda.
Sócrates
E para onde vai este batel triunfal?
Acaso não irá para o burgo infernal?
Diabo
Ai podes crer que irá. Direitinho para o Tartarus!
Sócrates
Para o reino do Hádes e do terrível Cerebrus?!
Diabo
Falas de forma bela mas não vos preocupais
Que pela viagem e pelo serviço não pagareis mais
Do que aquilo que já devieis ao barqueiro
Quando vos forneceram, na morte, o dinheiro.
Sócrates
Eu vou antes ali ao batel do invisível,
Que vendo este, me parece mais apetecível.
(Sócrates dirige-se ao batel do Anjo.)
Sócrates
Ó da barca! Ó senhor das boas maresias!
Leva-me ao reino do inteligível, ao reino das oussias!
Meus pés, calejados e sofridos da minha idade
Anseiam por palmilhar a planície da verdade.
Anjo
Quem ousa interromper meu divinal petisco?
Sócrates
Sou Sócrates de Atenas, o filho de Sofronisco.
O mais sábio dos homens da humanidade educada
E o mais sábio sou porque não sei nada.
Anjo
Onde está a tua mítica modéstia?
Sócrates
Essa findou-se na hora funéstia:
Foi-me útil enquanto minha vida durou;
Dificilmente lhe darei proveito, agora que morto estou.
Anjo
Não me parece que aqui entre um sofista.
Sócrates
O quê?! Não pode ser! Verifica de novo a lista.
Anjo
A verdade te digo. Aqui não entrarás!
Dirige-te ali a meu irmão. Com ele decerto partirás.
Sócrates
Como pode um sábio da minha sorte
Ser privado do seu divinal transporte?!
Oh que mundo cruel! Oh que mundo vil!
Em que um homem como eu, um homem tão servil…
Anjo
Cessa teu queixume! Pareces uma velha lavadeira!
Em vida viveste sempre de maneira
Pretensiosa e arrogante, por isso, agora,
Seguirás na outra barca. Despacha-te que já é hora!
(Afugentado pelo Anjo, Sócrates dirige-se cabisbaixo à barca do Diabo.)
Diabo
Ah que saudades tinha de ti, meu sabichão!
Como correu a conversa ali com meu irmão?
Sócrates
Foi recusada a minha entrada no paraíso.
Consta que em vida não fiz o que era preciso.
Diabo
Ninguém o fez! Ninguém o faz! Ninguém!
Transportei três epicuristas ainda ontem.
Não sei porque não fecham aquela caravela.
Nunca lá tem passageiros nem clientela!
Sócrates
Chega de dialéctica! Finda teu discurso!
Solta a vela, levanta a âncora. Iniciemos nosso curso.
Diabo
O mar está picado, o vento está de bolina.
Ainda assim partiremos. Larguemos a marina!
Ivocatii
(O Diabo e o Companheiro avistam um homem velho aproximar-se. O homem vem vestido com uma toga suja, descalço e com uns papeis em branco. Ao chegar à barca do Diabo pousa os papeis no chão. O Diabo imediatamente reconhece o homem e com um gesto ordena ao Companheiro que guarde os papeis. O Companheiro pega nos ditos e coloca-os numa caixa dentro da barca.)
Diabo
Ó Sócrates, já arcadámos teus papeis.
Escolhe agora um dos batéis.
Sócrates
Qual deles? Este aqui da esquerda?
Diabo
Sim, sim! Ires no outro será para nós uma grande perda.
Sócrates
E para onde vai este batel triunfal?
Acaso não irá para o burgo infernal?
Diabo
Ai podes crer que irá. Direitinho para o Tartarus!
Sócrates
Para o reino do Hádes e do terrível Cerebrus?!
Diabo
Falas de forma bela mas não vos preocupais
Que pela viagem e pelo serviço não pagareis mais
Do que aquilo que já devieis ao barqueiro
Quando vos forneceram, na morte, o dinheiro.
Sócrates
Eu vou antes ali ao batel do invisível,
Que vendo este, me parece mais apetecível.
(Sócrates dirige-se ao batel do Anjo.)
Sócrates
Ó da barca! Ó senhor das boas maresias!
Leva-me ao reino do inteligível, ao reino das oussias!
Meus pés, calejados e sofridos da minha idade
Anseiam por palmilhar a planície da verdade.
Anjo
Quem ousa interromper meu divinal petisco?
Sócrates
Sou Sócrates de Atenas, o filho de Sofronisco.
O mais sábio dos homens da humanidade educada
E o mais sábio sou porque não sei nada.
Anjo
Onde está a tua mítica modéstia?
Sócrates
Essa findou-se na hora funéstia:
Foi-me útil enquanto minha vida durou;
Dificilmente lhe darei proveito, agora que morto estou.
Anjo
Não me parece que aqui entre um sofista.
Sócrates
O quê?! Não pode ser! Verifica de novo a lista.
Anjo
A verdade te digo. Aqui não entrarás!
Dirige-te ali a meu irmão. Com ele decerto partirás.
Sócrates
Como pode um sábio da minha sorte
Ser privado do seu divinal transporte?!
Oh que mundo cruel! Oh que mundo vil!
Em que um homem como eu, um homem tão servil…
Anjo
Cessa teu queixume! Pareces uma velha lavadeira!
Em vida viveste sempre de maneira
Pretensiosa e arrogante, por isso, agora,
Seguirás na outra barca. Despacha-te que já é hora!
(Afugentado pelo Anjo, Sócrates dirige-se cabisbaixo à barca do Diabo.)
Diabo
Ah que saudades tinha de ti, meu sabichão!
Como correu a conversa ali com meu irmão?
Sócrates
Foi recusada a minha entrada no paraíso.
Consta que em vida não fiz o que era preciso.
Diabo
Ninguém o fez! Ninguém o faz! Ninguém!
Transportei três epicuristas ainda ontem.
Não sei porque não fecham aquela caravela.
Nunca lá tem passageiros nem clientela!
Sócrates
Chega de dialéctica! Finda teu discurso!
Solta a vela, levanta a âncora. Iniciemos nosso curso.
Diabo
O mar está picado, o vento está de bolina.
Ainda assim partiremos. Larguemos a marina!
Ivocatii
sexta-feira, 11 de março de 2011
A ideia de Ser
[Encontram-se a negrito as palavras que alterei de minúsculas para maiúsculas com vista a enfatizar a ideia do texto.]
«A ideia de Ser, tem-se dito, é a mais alta abstracção a que o homem pode chegar, depois que desproviu os seres singulares de tudo o que os distingue e faz deles seres determinados. A ideia de Ser é, assim, uma ideia de extensão máxima e de compreensão mínima: de extensão máxima, porque, sendo a ideia mais abstracta possível, convém a tudo o que É ou pode Ser; de compreensão mínima, porque abstrai de toda e qualquer característica qualidade particular. Deste modo, ao Ser nada se pode acrescentar, pois tudo o que existe ou pode existir é Ser. Todos os seres singulares são o Ser, mas cada um é-o de um modo peculiar. Admitindo que os seres singulares são espécies de seres, alguns autores afirmam que o Ser em geral é um género supremo. Outros, porém, contestando tal parecer, sustentam que o Ser não é um género mas uma noção que, transcendendo ou superando todas as categorias do Ser, se aplica a tudo o que pode existir ou existe de qualquer modo. É por isso que [os] metafísicos afirmam que a ideia de Ser é imanente a todas as categorias (na medida em que todas participam do Ser) e ao mesmo tempo transcendente a todas as categorias (na medida em que as supera a todas). E acrescentam: a ideia de Ser transcende não só cada uma das categorias do ser considerada de per si, mas ainda todas as categorias em conjunto, porque abrange não só todos os seres finitos, que se dividem em categorias, mas ainda o Ser infinito, que está acima das categorias.
Quando considerado em si mesmo, e de um modo absoluto, do Ser nada se pode dizer senão que é o Ser. Quando considerado em si mesmo, mas agora não já de um modo absoluto mas de um modo negativo, pode dizer-se do Ser que ele é em si mesmo indiviso, i.e., uno.
O Ser é tudo o que, em qualquer grau, se opõe ao nada. Tudo o que é Ser é uno e indiviso. O Ser, dizem os metafísicos, é uno e transcendente.»
Vasco de Magalhães Vilhena, Pequeno Manual de Filosofia, «Cap. XXVIII – Alguns problemas metafísicos» Livraria Sá da Costa, 2ª ed., 1956, pp. 602-603
«A ideia de Ser, tem-se dito, é a mais alta abstracção a que o homem pode chegar, depois que desproviu os seres singulares de tudo o que os distingue e faz deles seres determinados. A ideia de Ser é, assim, uma ideia de extensão máxima e de compreensão mínima: de extensão máxima, porque, sendo a ideia mais abstracta possível, convém a tudo o que É ou pode Ser; de compreensão mínima, porque abstrai de toda e qualquer característica qualidade particular. Deste modo, ao Ser nada se pode acrescentar, pois tudo o que existe ou pode existir é Ser. Todos os seres singulares são o Ser, mas cada um é-o de um modo peculiar. Admitindo que os seres singulares são espécies de seres, alguns autores afirmam que o Ser em geral é um género supremo. Outros, porém, contestando tal parecer, sustentam que o Ser não é um género mas uma noção que, transcendendo ou superando todas as categorias do Ser, se aplica a tudo o que pode existir ou existe de qualquer modo. É por isso que [os] metafísicos afirmam que a ideia de Ser é imanente a todas as categorias (na medida em que todas participam do Ser) e ao mesmo tempo transcendente a todas as categorias (na medida em que as supera a todas). E acrescentam: a ideia de Ser transcende não só cada uma das categorias do ser considerada de per si, mas ainda todas as categorias em conjunto, porque abrange não só todos os seres finitos, que se dividem em categorias, mas ainda o Ser infinito, que está acima das categorias.
Quando considerado em si mesmo, e de um modo absoluto, do Ser nada se pode dizer senão que é o Ser. Quando considerado em si mesmo, mas agora não já de um modo absoluto mas de um modo negativo, pode dizer-se do Ser que ele é em si mesmo indiviso, i.e., uno.
O Ser é tudo o que, em qualquer grau, se opõe ao nada. Tudo o que é Ser é uno e indiviso. O Ser, dizem os metafísicos, é uno e transcendente.»
Vasco de Magalhães Vilhena, Pequeno Manual de Filosofia, «Cap. XXVIII – Alguns problemas metafísicos» Livraria Sá da Costa, 2ª ed., 1956, pp. 602-603
Ivocatii
domingo, 6 de março de 2011
sábado, 5 de março de 2011
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Marca Roscofe
Farto das publicações de alta qualidade que este blogue tem tido ultimamente, decidi publicar algo de má qualidade, mais precisamente um filme. O seu nome é Blacula: the Black Dracula, o ano é 1972 e é um forte concorrente aos Roscofe Awards.
Nos anos 70, nos EUA, com o advento da igualdade de direitos entre brancos e negros, surgiu um género de filmes chamados blaxploitation movies. Este género caracterizava-se por ser dedicado a uma audiência maioritariamente afro-americana. Basicamente pegaram em histórias de outros filmes e adaptaram-nas utilizando actores afro-americanos. Outros exemplos são Blackenstein: the Black Frankenstein (1973) e Abar, the First Black Superman (1977).
Comentário:
Acho que eles levaram aquilo da igualdade de direitos muito à letra.
Ivocatii
Nos anos 70, nos EUA, com o advento da igualdade de direitos entre brancos e negros, surgiu um género de filmes chamados blaxploitation movies. Este género caracterizava-se por ser dedicado a uma audiência maioritariamente afro-americana. Basicamente pegaram em histórias de outros filmes e adaptaram-nas utilizando actores afro-americanos. Outros exemplos são Blackenstein: the Black Frankenstein (1973) e Abar, the First Black Superman (1977).
Comentário:
Acho que eles levaram aquilo da igualdade de direitos muito à letra.
Ivocatii
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
A galinha
Eis as respostas que alguns filósofos gregos dariam à seguinte pergunta:
Porque é que a galinha atravessou a estrada?
Tales de Mileto
A galinha é feita de água e a água sempre está em movimento. Além disso, a galinha é um deus e os deuses movem-se livremente pelo mundo.
Anaximandro de Mileto
A galinha atravessou a estrada para se diferenciar do resto do Universo.
Heraclito de Éfeso (alguém que se suicidou enterrando-se em estrume)
Para haver grandes tem de haver pequenos. Para haver ricos tem de haver pobres. Logo, para que a galinha possa não atravessar a estrada, ela tem de a atravessar. O Universo rege-se através da eterna luta entre os contrários. Logo, a galinha tem de atravessar e não atravessar a estrada.
Parménides de Eleia
Não existe contrários. Existem as coisas e a ausência delas. Existe o «atravessar a estrada» e a ausência de «atravessar a estrada». No caso da galinha verificou-se o «atravessar a estrada».
Empédocles de Agrigento
O que atravessou a estrada não foi a galinha mas sim o eflúvio sensível à nossa visão que emana do corpo da galinha.
Zenão de Eleia
Para a galinha atravessar a estrada teria de percorrer um número infinito de pontos numa quantidade finita de tempo. Ora, é impossível percorrer infinito espaço num tempo finito. Logo, a galinha não atravessou a estrada e todo o movimento é ilusório. A galinha está e sempre estará no mesmo sítio.
Pitágoras de Samos (sim, o do teorema)
A galinha atravessou a estrada para purificar a sua alma através do esforço.
Demócrito de Abdera (um atomista)
A galinha atravessou porque cada uma das almas indivisíveis (átomos) que constituem o seu corpo se apaixonou pelo outro lado da estrada.
Sócrates (um irritador profissional)
Se eu nem sequer sei o que é «ser galinha» como queres que saiba as qualidades e capacidades da galinha?
Platão
O que atravessou a estrada foi a aparência da galinha. A essência da galinha, isto é, a «galinha em si» sempre esteve imóvel no mundo superior das Ideias.
Aristóteles (pessoa que passou o resto da vida a dizer mal do Platão)
O Platão está errado. A essência da galinha não está no mundo superior das Ideias mas sim aqui em baixo no nosso mundo. A «galinha em si», isto é, a galinha universal atravessa a estrada juntamente com a galinha particular.
Pessoa sensata
Não sei.
Ivocatii
Porque é que a galinha atravessou a estrada?
Tales de Mileto
A galinha é feita de água e a água sempre está em movimento. Além disso, a galinha é um deus e os deuses movem-se livremente pelo mundo.
Anaximandro de Mileto
A galinha atravessou a estrada para se diferenciar do resto do Universo.
Heraclito de Éfeso (alguém que se suicidou enterrando-se em estrume)
Para haver grandes tem de haver pequenos. Para haver ricos tem de haver pobres. Logo, para que a galinha possa não atravessar a estrada, ela tem de a atravessar. O Universo rege-se através da eterna luta entre os contrários. Logo, a galinha tem de atravessar e não atravessar a estrada.
Parménides de Eleia
Não existe contrários. Existem as coisas e a ausência delas. Existe o «atravessar a estrada» e a ausência de «atravessar a estrada». No caso da galinha verificou-se o «atravessar a estrada».
Empédocles de Agrigento
O que atravessou a estrada não foi a galinha mas sim o eflúvio sensível à nossa visão que emana do corpo da galinha.
Zenão de Eleia
Para a galinha atravessar a estrada teria de percorrer um número infinito de pontos numa quantidade finita de tempo. Ora, é impossível percorrer infinito espaço num tempo finito. Logo, a galinha não atravessou a estrada e todo o movimento é ilusório. A galinha está e sempre estará no mesmo sítio.
Pitágoras de Samos (sim, o do teorema)
A galinha atravessou a estrada para purificar a sua alma através do esforço.
Demócrito de Abdera (um atomista)
A galinha atravessou porque cada uma das almas indivisíveis (átomos) que constituem o seu corpo se apaixonou pelo outro lado da estrada.
Sócrates (um irritador profissional)
Se eu nem sequer sei o que é «ser galinha» como queres que saiba as qualidades e capacidades da galinha?
Platão
O que atravessou a estrada foi a aparência da galinha. A essência da galinha, isto é, a «galinha em si» sempre esteve imóvel no mundo superior das Ideias.
Aristóteles (pessoa que passou o resto da vida a dizer mal do Platão)
O Platão está errado. A essência da galinha não está no mundo superior das Ideias mas sim aqui em baixo no nosso mundo. A «galinha em si», isto é, a galinha universal atravessa a estrada juntamente com a galinha particular.
Pessoa sensata
Não sei.
Ivocatii
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Cafeína
Se alguma vez tiverem curiosidade de saber o que é ter 70 anos antes de lá chegarem sugiro que tentem deixar de beber café durante 7 dias.
Nos últimos 5 dias andei mal humorada, a acreditar que já tinha vivido melhores dias, com dores de cabeça, sem energia, e a adormecer assim que me sentava mais de 10 segundos seguidos.
Como qualquer estudante que se prese eu já tinha olheiras, mas o início desta semana não foi fácil.
O meu corpo sentia a falta da cafeína. Adormecia-me e sentia os copos do Starbuks a dançar à minha volta.
Eu sentia-me um jogador do Sporting, parado no campo do futebol, a ver os outros jogadores a mexerem-se à velocidade normal dos seres humanos.
A falta de café acrescentou-me anos ao BI. Tirou-me o gasóleo e pôs-me a andar em ponto morto para não ir a baixo.
Eu aguentei 5 dias, quantos é que tu aguentas?
Nos últimos 5 dias andei mal humorada, a acreditar que já tinha vivido melhores dias, com dores de cabeça, sem energia, e a adormecer assim que me sentava mais de 10 segundos seguidos.
Como qualquer estudante que se prese eu já tinha olheiras, mas o início desta semana não foi fácil.
O meu corpo sentia a falta da cafeína. Adormecia-me e sentia os copos do Starbuks a dançar à minha volta.
Eu sentia-me um jogador do Sporting, parado no campo do futebol, a ver os outros jogadores a mexerem-se à velocidade normal dos seres humanos.
A falta de café acrescentou-me anos ao BI. Tirou-me o gasóleo e pôs-me a andar em ponto morto para não ir a baixo.
Eu aguentei 5 dias, quantos é que tu aguentas?
domingo, 23 de janeiro de 2011
Como parecer um filósofo em 9 lições
Para todos aqueles que querem mas não conseguem ser filósofos, aqui está uma pequena sugestão de como podem cumprir parte do vosso objectivo.
"A filosofia não consiste em saber e não é a verdade que a inspira, mas sim categorias como Interessante, Notável ou Importante que decidem sobre o seu sucesso ou fracasso."
Gilles Deleuze in O que é a Filosofia?
1ª Lição – Indumentária
Usar uma camisola de malha daquelas que picam e que, como forma de protesto, não é lavada desde que Portugal entrou na C.E.E.. Convém estar amarrotada e ligeiramente suja. No Inverno a gabardine é opcional.
2ª Lição – Utensílios I
Usar um cachimbo, o qual deve também ser usado para apontar.
3ª Lição – Posição
Nunca se sente de costas direitas. Incline-se na cadeira para dar um ar descontraído e cruze a perna.
4ª Lição – Utensílios II
Faça-se sempre acompanhar dum bloco de notas ou de uma folha de papel e de uma caneta. Use-os para escrever enquanto se encontra a cumprir a lição anterior.
5ª Lição – Habitat e Bebida
Procure ir para cafés ou bares rascas. Beba café ou chá durante a tarde. À noite evite beber coisas como sumo ou água. Em vez disso, beba coisas saudáveis como absinto, aguardente ou whisky.
6ª Lição – Alimentação
Não tenha cuidado com a alimentação. Afinal de contas, isso da alimentação saudável é coisa de meros mortais. Você no seu estado de transcendência já não precisa de se preocupar.
7ª Lição – Disposição e Comunicação
Tenha um olhar deprimido e nunca concorde inteiramente com nada do que lhe dizem. Não dê respostas concretas e procure confundir ou outros com respostas ambíguas.
8ª Lição – Actividade
Não tenha medo de escrever. Escreva muito, escreva até mais não. Escreva sobre tudo. Lembre-se: o filósofo nunca mente, apenas apresenta verdades alternativas.
9ª Lição – Referências
Em conversas aproveite sempre para citar nomes famosos da filosofia tais como Hume, Locke, Descartes, Kant, Hegel, Marx, Nietzsche, etc..
Ivocatii
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Desanotadas #1
Anatomia
Alguns chamam-lhe um cânone da Divina Proporção.
Só deixar escrito que a Proporção Áurea e a harmonia das formas é, na minha opinião, a maior das tretas.
Por favor, Srs. Artistas, dediquem-se à pesca.
Cats
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Andar, simplesmente andar
(Também publicado em http://oramonacara.wordpress.com/2011/01/20/andar-simplesmente-andar/).
Andar, o simples acto de andar. As pernas que usamos para impulsionar o nosso corpo representam a propulsão que fazemos do Passado para o Presente. O nosso pé assenta e pressiona as memórias – as memórias de ter estado – nas quais nos apoiamos para ter consistência enquanto seres presentes. As mãos que arremessamos para a frente representam a projecção que fazemos do Presente para o Futuro sob a forma de expectativa – a expectativa de vir a estar. Ao pressionar com o pé, digo para mim mesmo “Eu estive ali”, ao lançar a minha mão, digo para mim mesmo “Eu estarei ali”. Ao mesmo tempo que me propulsiono no Passado, estou a projectar-me no Futuro. Se o Passado e o Futuro têm de coexistir enquanto memória e expectativa, propulsão e projecção, então o que é o Tempo? A meu ver há duas respostas possíveis:
O Tempo é exclusivamente o Presente, com o Passado existindo no Presente sob o formato de memória e com o Futuro também existindo no Presente enquanto expectativa. Assim sendo, a existência necessita que três Seres existam simultaneamente e pacificamente: o Ser que lembra, o Ser que existe e o Ser que expecta. Desta forma, aquilo que existe no Presente existe igualmente no Passado e no Futuro. Cada um de nós é a reunião desses três Seres: o que esteve, o que está e o que estará.
O Tempo é o Passado e o Futuro. O Presente não é mais do que o conjunto destes dois tempos. O Presente é a constante guerra entre a memória e a expectativa, entre o Passado e o Futuro. Ao propulsionar-me luto para expectar, ao expectar luto para propulsionar-me. A existência é portanto bipartida – uma parte sua é concebida e realizada no Passado, a outra é concebida e realizada no Futuro. Nós somos, ao mesmo tempo, Passado e Futuro, memória e expectativa.
Ivocatii
Andar, o simples acto de andar. As pernas que usamos para impulsionar o nosso corpo representam a propulsão que fazemos do Passado para o Presente. O nosso pé assenta e pressiona as memórias – as memórias de ter estado – nas quais nos apoiamos para ter consistência enquanto seres presentes. As mãos que arremessamos para a frente representam a projecção que fazemos do Presente para o Futuro sob a forma de expectativa – a expectativa de vir a estar. Ao pressionar com o pé, digo para mim mesmo “Eu estive ali”, ao lançar a minha mão, digo para mim mesmo “Eu estarei ali”. Ao mesmo tempo que me propulsiono no Passado, estou a projectar-me no Futuro. Se o Passado e o Futuro têm de coexistir enquanto memória e expectativa, propulsão e projecção, então o que é o Tempo? A meu ver há duas respostas possíveis:
O Tempo é exclusivamente o Presente, com o Passado existindo no Presente sob o formato de memória e com o Futuro também existindo no Presente enquanto expectativa. Assim sendo, a existência necessita que três Seres existam simultaneamente e pacificamente: o Ser que lembra, o Ser que existe e o Ser que expecta. Desta forma, aquilo que existe no Presente existe igualmente no Passado e no Futuro. Cada um de nós é a reunião desses três Seres: o que esteve, o que está e o que estará.
O Tempo é o Passado e o Futuro. O Presente não é mais do que o conjunto destes dois tempos. O Presente é a constante guerra entre a memória e a expectativa, entre o Passado e o Futuro. Ao propulsionar-me luto para expectar, ao expectar luto para propulsionar-me. A existência é portanto bipartida – uma parte sua é concebida e realizada no Passado, a outra é concebida e realizada no Futuro. Nós somos, ao mesmo tempo, Passado e Futuro, memória e expectativa.
Ivocatii
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Ninguém Disse Que Ia Ser Fácil
(Mas fogo! Bem que podiam facilitar um bocadinho)
Antes de mais desejo a todos um fantástico ano.
Que, na pior das hipóteses, 2011 seja exactamente igual a 2010 mas sem a visita do Papa e do Obahma, para cortarem a porcaria do trânsito todo.
E sabem que mais?
Espero sinceramente que neste novo ano, não tenham tudo aquilo que sempre desejaram, porque se tiverem vão ficar mimados e ninguém vos vai conseguir aturar assim.
Cá por mim, consegui cerca de metade daquilo a que me propuz (mas cheira-me que foi a metade mais útil).
Entrei no curso que queria. (mas agora estou a braços com a Oral de Anatomia, com a qual tenho pesadelos diários. Dou por mim a desejar que os dias tenham 25 horas para poder estudar um bocadinho mais.)
Tirei a carta! Por isso toca a ficar em casa, para vossa própria segurança porque o IMTT formou um Perigo Rodoviário.
Se ultrapassar esta fase prometo (e desta vez prometo cumprir a promessa) de voltar a escrever)
Um Bem Haja!
Cats
Antes de mais desejo a todos um fantástico ano.
Que, na pior das hipóteses, 2011 seja exactamente igual a 2010 mas sem a visita do Papa e do Obahma, para cortarem a porcaria do trânsito todo.
E sabem que mais?
Espero sinceramente que neste novo ano, não tenham tudo aquilo que sempre desejaram, porque se tiverem vão ficar mimados e ninguém vos vai conseguir aturar assim.
Cá por mim, consegui cerca de metade daquilo a que me propuz (mas cheira-me que foi a metade mais útil).
Entrei no curso que queria. (mas agora estou a braços com a Oral de Anatomia, com a qual tenho pesadelos diários. Dou por mim a desejar que os dias tenham 25 horas para poder estudar um bocadinho mais.)
Tirei a carta! Por isso toca a ficar em casa, para vossa própria segurança porque o IMTT formou um Perigo Rodoviário.
Se ultrapassar esta fase prometo (e desta vez prometo cumprir a promessa) de voltar a escrever)
Um Bem Haja!
Cats
Subscrever:
Mensagens (Atom)