[Encontram-se a negrito as palavras que alterei de minúsculas para maiúsculas com vista a enfatizar a ideia do texto.]
«A ideia de Ser, tem-se dito, é a mais alta abstracção a que o homem pode chegar, depois que desproviu os seres singulares de tudo o que os distingue e faz deles seres determinados. A ideia de Ser é, assim, uma ideia de extensão máxima e de compreensão mínima: de extensão máxima, porque, sendo a ideia mais abstracta possível, convém a tudo o que É ou pode Ser; de compreensão mínima, porque abstrai de toda e qualquer característica qualidade particular. Deste modo, ao Ser nada se pode acrescentar, pois tudo o que existe ou pode existir é Ser. Todos os seres singulares são o Ser, mas cada um é-o de um modo peculiar. Admitindo que os seres singulares são espécies de seres, alguns autores afirmam que o Ser em geral é um género supremo. Outros, porém, contestando tal parecer, sustentam que o Ser não é um género mas uma noção que, transcendendo ou superando todas as categorias do Ser, se aplica a tudo o que pode existir ou existe de qualquer modo. É por isso que [os] metafísicos afirmam que a ideia de Ser é imanente a todas as categorias (na medida em que todas participam do Ser) e ao mesmo tempo transcendente a todas as categorias (na medida em que as supera a todas). E acrescentam: a ideia de Ser transcende não só cada uma das categorias do ser considerada de per si, mas ainda todas as categorias em conjunto, porque abrange não só todos os seres finitos, que se dividem em categorias, mas ainda o Ser infinito, que está acima das categorias.
Quando considerado em si mesmo, e de um modo absoluto, do Ser nada se pode dizer senão que é o Ser. Quando considerado em si mesmo, mas agora não já de um modo absoluto mas de um modo negativo, pode dizer-se do Ser que ele é em si mesmo indiviso, i.e., uno.
O Ser é tudo o que, em qualquer grau, se opõe ao nada. Tudo o que é Ser é uno e indiviso. O Ser, dizem os metafísicos, é uno e transcendente.»
Vasco de Magalhães Vilhena, Pequeno Manual de Filosofia, «Cap. XXVIII – Alguns problemas metafísicos» Livraria Sá da Costa, 2ª ed., 1956, pp. 602-603
«A ideia de Ser, tem-se dito, é a mais alta abstracção a que o homem pode chegar, depois que desproviu os seres singulares de tudo o que os distingue e faz deles seres determinados. A ideia de Ser é, assim, uma ideia de extensão máxima e de compreensão mínima: de extensão máxima, porque, sendo a ideia mais abstracta possível, convém a tudo o que É ou pode Ser; de compreensão mínima, porque abstrai de toda e qualquer característica qualidade particular. Deste modo, ao Ser nada se pode acrescentar, pois tudo o que existe ou pode existir é Ser. Todos os seres singulares são o Ser, mas cada um é-o de um modo peculiar. Admitindo que os seres singulares são espécies de seres, alguns autores afirmam que o Ser em geral é um género supremo. Outros, porém, contestando tal parecer, sustentam que o Ser não é um género mas uma noção que, transcendendo ou superando todas as categorias do Ser, se aplica a tudo o que pode existir ou existe de qualquer modo. É por isso que [os] metafísicos afirmam que a ideia de Ser é imanente a todas as categorias (na medida em que todas participam do Ser) e ao mesmo tempo transcendente a todas as categorias (na medida em que as supera a todas). E acrescentam: a ideia de Ser transcende não só cada uma das categorias do ser considerada de per si, mas ainda todas as categorias em conjunto, porque abrange não só todos os seres finitos, que se dividem em categorias, mas ainda o Ser infinito, que está acima das categorias.
Quando considerado em si mesmo, e de um modo absoluto, do Ser nada se pode dizer senão que é o Ser. Quando considerado em si mesmo, mas agora não já de um modo absoluto mas de um modo negativo, pode dizer-se do Ser que ele é em si mesmo indiviso, i.e., uno.
O Ser é tudo o que, em qualquer grau, se opõe ao nada. Tudo o que é Ser é uno e indiviso. O Ser, dizem os metafísicos, é uno e transcendente.»
Vasco de Magalhães Vilhena, Pequeno Manual de Filosofia, «Cap. XXVIII – Alguns problemas metafísicos» Livraria Sá da Costa, 2ª ed., 1956, pp. 602-603
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