É bem conhecida dos portugueses a situação da função pública.
Resumindo em bom e claro português europeu, funcionários públicos ajudam outros quadros do Estado a fazer nenhum, em alguns sectores da função podemos afirmar mesmo que as pessoas vão dormir para o trabalho.
Foi então que me decidi a ir eu própria a uma qualquer repartição do estado (que pediram para ficar no anonimato sob pena de “a entidade superior” os fazer passar por algo tão doloroso, isto é, trabalhar.)
Passei o dia então com quatro funcionários públicos: Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém.
Nesse dia, como em todos os outros desde o inicio daquele departamento, existia trabalho acumulado. E, claro, inevitavelmente há gente à espera que a tão falada “Máquina do Estado” funcione para poderem fazer a tão necessária operação às cataratas, ou alistar-se para receber o abono de família ou o subsídio de livros.
“Curiosamente os departamentos de cobranças funcionam todos às mil maravilhas” confessou um dos funcionários; “Esses sim, quando cá vêm os manda-chuvas em época de eleições, é que recebem as palmadinhas nas costas” continuou.
“Eu não percebo, estando aqui sem fazer nada poupo milhões aos cofres do Estado, cá para mim, eu mereço um aumento” desabafou outro na secretária próxima enquanto lia a Dica da Semana.
Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria. Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho para Toda-a-Gente. Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria.
No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito.
Foi assim que o Estado decidiu que estava na altura de admitir um novo funcionário para evitar todas estas questões, o Deixa-Andar, que foi bem admitido na equipa e confessa que “Aqui sinto-me em casa.”
2 comentários:
Está genial o facto de usares aqueles termos para nome dos funcionários. xD
Mas não te esqueças que há sectores da função pública que são sacrificados em prol de outros fazerem pouco ou nada e que depois também apanham a má-fama. Paga o justo pelo pecador. Há que ter cuidado com essas generalizações.
O ivocatti diz tudo
mas eu aogra digo uma coisa muito basica e fundamental para que qualquer ser humano docente perceba de forma clara e explicita o que está dito neste texto:
"Estamos em Portugal, meus amigos"
Tenho-o dito xDD
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