segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Cantinho das Polémicas: Caim

O que é muito irritante? Eu? Sim, realmente sou um pouco irritante. O anúncio do Pingo Doce cuja música passa de dez em dez minutos na rádio? Os personagens das telenovelas da TVI? Bem, como podem ver há muita coisa irritante neste mundo mas eu vim aqui falar de uma coisinha em particular: esta maldita polémicomania que paira nos media como um abutre á espera que o predador abandone a presa para ir comer o cadáver.
É o caso A, é o caso B (tudo com nomes muito originais), é o Sr. Dr. Eng. Prof. Bastonário da Ordem dos Inúteis implicado no processo X ou Y… O que não falta são polémicas… está na moda! O que se pode fazer?... No século XIX havia a mania dos “-ismos”, agora há a mania das polémicas.

Mas, deixando-me de rodeios e de rodeos, eu vim aqui para falar de uma polémica (é com grande transtorno que uso esta palavra) que houve com o lançamento do novo livro de José Saramago, intitulado Caim. Não li, logo não posso falar do seu conteúdo embora tenha intenção de o ler assim que terminar a minha leitura do Anticristo de Nietzsche. Mas graças às notícias soube da indignação da Igreja em relação a certas declarações contidas em Caim. Como devem saber, Saramago sempre foi alvo de grandes críticas devido à forma como escreve, uns detestam, outros gostam, eu pessoalmente aprecio bastante a sua escrita e já li dois dos seus livros. Mas, além das críticas à forma de escrever, também é conhecido o conflito entre o escritor e a Igreja Católica que já dura desde a publicação do Evangelho Segundo Jesus Cristo em 1991.

A Igreja declarou que achava as afirmações de Saramago um “atentado” à sua religião. Mas a questão é que, se falam tanto das supostas “agressões” à Igreja Católica, porque negligenciam as agressões da Igreja Católica? Consideram agressão dizer que “a Bíblia é um manual de maus costumes” ou que “o Deus da Bíblia não é de fiar: é vingativo e má pessoa” mas esquecem-se das agressões da Igreja à própria humanidade. Eu não me estou a referir ao massacre de crianças romanas que não tinham sido baptizadas, nem às Cruzadas, nem à Inquisição, nem à perseguição dos judeus, estou-me a referir às declarações do Papa na sua visita ao continente africano. Sim, o Papa, não foi um padre qualquer que estava bêbedo com o vinho da missa. “O problema da SIDA (…) não pode ser resolvido com a distribuição de preservativos. A distribuição só aumenta o problema” declarou Joseph Ratzinger na sua visita a África. Ora no meu ver acho muito mais grave alguém apelar a uma população fustigada pelo vírus da SIDA para que não se previna, dando asas a um maior número de mortes do que um escritor que “ofende” esta ou aquela entidade divina (sempre gostei deste termo).


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