domingo, 14 de novembro de 2010

Cala a boca! (parte 1)

- Cala a boca!

- Porquê?

- Porque sim. Cala a boca!

- Oh vá lá, tu consegues melhor do que isso. Diz-me lá porque devo eu calar a boca. Não estou a gozar, diz-me mesmo! Não penses que excluo a hipótese de apresentares uma justificação convincente com a qual eu concorde. E se tal se verificar, penso que não seria de todo sensato eu não calar a boca. Diz lá então porque devo eu calar a boca.

- Porque tudo o que dizes está mal.

- E por “tudo o que dizes está mal” presumo que queiras dizer “tudo o que dizes é falso”. Estou correcto?

- Sim.

- Penso, meu caro, que um ouvinte ou leitor, caso isto venha a ser escrito, mais perspicaz já tenha aqui detectado algo de irregular. Mas vamos ignorar esta primeira contradição e concentrarmo-nos no assunto principal. Dizes, portanto, que tudo o que eu digo é falso?

- Sim, completamente.

- E por “tudo o que dizes” entende-se todas as declarações, afirmativas e negativas e todas as interrogações ou referes-te apenas às declarações, ou apenas às interrogações?

- Refiro-me a tudo o que dizes.

- Afirmas, portanto, que todas as minhas afirmações são falsas.

- Sim.

- E afirmas, também, que todas as minhas interrogações são falsas.

- Correcto.

- Pergunto-te então o seguinte: A frase “Como te chamas?” é uma interrogação?

- Sim, é óbvio que é.

- Então, se todas as minhas interrogações são falsas, como anteriormente afirmaste, ao perguntar-te “Como te chamas?” estaria a dizer uma falsidade.

- Penso que… sim…

- Ponho-te então uma questão: Uma coisa dita é falsa quando nela foi dito algo que é falso. Concordas?

- Sim.

- E concordas também que algo falso é algo que é uma certeza falsa? Pois não pode ser falso aquilo que não é certo de o ser.

- Estás a dizer coisas óbvias.

- Então, voltando atrás, ao perguntar “Como te chamas?” estarei a dizer uma coisa falsa, isto é, uma certeza falsa.

- Sim.

- Coloco-te agora uma outra questão: Quando estás incerto acerca de algo e pretendes ficar certo acerca desse mesmo algo, o que fazes?

- Pergunto a quem saiba.

- E na tua pergunta mostras a tua incerteza?

- Pois claro.

- E concordas quando digo que uma pergunta é uma interrogação?

- Sim, claro! Começo a fartar-me de tantos rodeios.

- Tem calma, amigo! Então, se “Como te chamas?” é uma interrogação, terá forçosamente de ser também uma pergunta.

- Claro que tem de ser uma pergunta. Querias que fosse o quê?

- E uma certeza falsa não é uma certeza?

- Sim, embora falsa, é uma certeza.

- E nas perguntas não mostras incerteza?

- Mostro pois.

- Então primeiro afirmaste que “Como te chamas?” mostra uma certeza, falsa mas ainda assim uma certeza, e agora afirmas que “Como te chamas?” mostra uma incerteza. Ora, a meu ver, a mesma coisa não pode ser certa e incerta ao mesmo tempo. Que me dizes sobre isto?

- Realmente não sei que diga…

- Mas, como todas as coisas têm obrigatoriamente de ser ou certas ou incertas, temos de decidir se “Como te chamas?” e as interrogações de um modo geral são certezas ou incertezas. Em que ficamos nós então?

- Diz-me tu.

- Ora muito bem! Se usamos as interrogações para obter certezas é porque ainda não as temos no momento que fazemos a interrogação. Sendo nós obrigados a ter ou certezas ou incertezas, e não tendo certezas, penso que nas interrogações teremos forçosamente de ter apenas incertezas. Estás de acordo?

- Custou-me um pouco seguir o raciocínio mas julgo que sim, que estou de acordo.


(Continua...)


Ivocatii

domingo, 17 de outubro de 2010

A Génese da Estupidez

No outro dia, numa aula de Filosofia Antiga no auditório da faculdade, ouvi o nome de várias entidades da filosofia grega pré-sócratica (sei o que estão a pensar mas não, não vou fazer uma piada com isto!). Ouvi falar do nosso querido Tales, o sempre presente Pitágoras, o eterno Heraclito, o curioso Empédocles, entre outros. Prontamente a minha psiché começou a percorrer caminhos mais absurdos e uma questão me veio à mente:

Quem inventou a estupidez?

Como não sou grande fã do método empírico, resolvi eu mesmo dar resposta à questão.

Aqui vou contar a história do homem que inventou a estupidez, a mais básica forma de ofensa. Trata-se pois de Estupidócles de Parveia, fundador da escola estupidista, co-fundador da escola parvista e jardineiro de Platão. Foi também um líder militar grego durante as guerras Médicas (que não tinham nada a ver com médicos, chamavam-se “médicas” porque foram entre gregos e povos originários da Média) e o responsável pela derrota mais estúpida do exército grego. Ele próprio disse “Não vamos ganhar no campo de batalha, vamos sim, reservar o campo de batalha!”. E colocaram placas a dizer “Reservado” à volta do campo de batalha na esperança que os persas respeitassem a reserva e fossem embora. Os persas, que não eram muito fãs da burocracia grega, atacaram e dizimaram o exército grego que, confiando na reserva feita, estava em repouso.

Já no âmbito da vida política, Estupidócles decidiu introduzir um método revolucionário nas eleições democráticas gregas. Em vez de pedras dentro de vasos, os eleitores deitariam cubos de gelo dentro de fornos. Estupidócles justificou este método dizendo “Andam sempre a falar do voto secreto mas voto mais secreto do que este não há!”. Viveu também em Esparta onde foi conselheiro do rei espartano. Foi Estupidócles que disse a Leónidas que enfrentar o exército persa com um bando de 300 homens era algo sensato e, passo a citar, “de onde só podem vir bons resultados”.

Nos últimos anos da sua vida, já no exílio (porque será?...), viajou por vários locais, em especial o Egipto (o Toys’r’us dos filósofos gregos). Veio a falecer ao tentar provar que se morria ao cair do topo do Farol de Alexandria. Ironicamente, foi a única teoria proposta por si que ficou comprovada com êxito.


Ivocatii

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Caixa Mágica

Imagina a seguinte situação:

Alguém chega ao pé de ti e diz-te que tem em casa uma Caixa Mágica, da qual tu nunca viste indícios de que ele a tivesse. Afirma também que essa Caixa Mágica tem algo dentro que ele nunca viu nem sabe que aparência tem. Continua, dizendo que o algo que está dentro daquela Caixa Mágica é a razão de tudo existir. Acrescenta que eu sou obrigado a acreditar que ele tem a Caixa Mágica e que dentro há algo, embora não me deixe entrar na sua casa para a ver. Diz ainda que o algo que está dentro da Caixa Mágica impôs regras e se eu não as cumprir ou não acreditar que ele tem a Caixa Mágica vou sofrer muito e serei torturado das formas mais horríveis que podem ser concebidas. E para me provar que está a dizer a verdade mostra-me um livro de autor e origem desconhecidos que fala sobre a Caixa Mágica. Para finalizar, afirma que a Caixa Mágica sempre existiu e sempre existirá porque sim e apenas porque sim.

Dada esta situação absurda (e de certa forma familiar…) como reagirias?


Ivocatii

sábado, 21 de agosto de 2010

O Génio da Lâmpada (parte 18) Finale

Ao fim de muito, muito, mas mesmo muito tempo o Autor decidiu voltar a escrever uma parte desta história que maravilhou unidades de pessoas (queria dizer dezenas mas acho que não chegaram a dez pessoas) e que desde há uns meses nada se tem escrito sobre ela. O Autor anda entretido a tirar fotos à sede do PCP e a fazer compilações (ou compilaçam como diziam no século XVIII) de frases do dia-a-dia. Mas finalmente a história voltou e veio para ficar!

Não me recordo onde ia a história e como não me apetece ir ao arquivo do blogue ver em que pé ficámos no último episódio vou inventar os antecedentes para este episódio.

Tinham acabado de desembarcar do helicóptero mesmo no meio da floresta tropical do Vietname. Estávamos então em 1972 e tinha acabado de comprar o novo álbum dos Monkees desde que saíram da clínica de reabilitação…

Autor – ESPERA AÍ! NÃO ERA ASSIM QUE TINHAMOS FICADO.

Então como era?

Autor – ELES TINHAM IDO A QUALQUER SÍTIO PROCURAR NÃO SEI O QUÊ POR UM MOTIVO QUALQUER E TINHAM ACONTECIDO DETERMNADAS COISAS DAS QUAIS SORTIRAM DIVERSOS RESULTADOS E DELES RETIRARAM A SABEDORIA DE UMA NOVA EXPERIÊNCIA.

Com tudo isso não disseste nada, fiquei na mesma! Espera! Deixa-me tentar outra vez. Aqui vai.

Eles foram ao Jumbo de Almada procurar um barco porque queriam ir a Badajoz mas caíram num buraco que os levou a uma pista de karting (ou cártingue à tuga) e aprenderam que não se deve confiar em carecas.

Autor – EPÁ CALA-TE! ISSO NÃO FAZ SENTIDO NENHUM. O MELHOR É ACABARMOS COM ISTO.

Tens razão, acho também que isto é aquilo a que os anglófonos e portugueses com a mania que são estrangeiros chamam de pointless.

Autor – BEM, AGORA QUE ACABÁMOS PODIAMOS FALAR DE COMO FOI BOM TRABALHAR COMIGO.

Ai foi? Quer dizer, vendo bem já trabalhei com autores piores. O Hitler, por exemplo, sempre que narrava as traduções inglesas do Mein Kampf ele proibia-me de dizer as palavras "Jupiter” e “jewel”. Nunca percebi bem porquê, acho que tinha a ver com a sonoridade das palavras.

Autor – NÃO TINHAS UM PRIMO QUE TAMBÉM FAZIA NARRAÇÕES?

Sim, está a trabalhar numa revista cor-de-rosa. O meu irmão também tinha começado mas desistiu, agora é gestor de contabilidade numa multinacional.

Autor – EU SEMPRE INVEJEI OS NARRADORES, NÃO TÊM DE ANUNCIAR FALAS, ALIÁS, AS FALAS DELES SÃO O TEXTO, NÃO USAM TRAVESSÕES, FAZEM O QUEREM…

Aí é que enganas. Ser narrador é uma grande responsabilidade. Tens de anunciar quando alguém vai falar, tens de estar sempre a par dos acontecimentos, tens de fazer aquelas coisas irritantes que eu pessoalmente odeio que consistem em escrever algo do tipo “disse Fulano em tom de brincadeira” a seguir às falas. Não penses que é fácil. Tem a vantagem de escrever onde me apetece, fazer parágrafo quando me apetece, não usar travessões, etc. Por exemplo, eu se quiser posso interromper aqui ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. pôr estes pontinhos todos ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… e só voltar a escrever aqui.

Autor – UAU! ISSO É FANTÁSTICO!

E há mais. Posso escrever frases com três espaços entre cada palavra.

Autor – ACHO QUE JÁ ESTÁS A ABUSAR.

Eu paro então, mas era só para veres o que um narrador pode fazer. Já agora, posso fazer-te uma pergunta pessoal?

Autor – SIM, DIZ LÁ.

Tu escreves sempre em Caps Lock porque queres ou é obrigatório os autores fazerem-no?

Autor – EU ESCREVO PORQUE QUERO. DÁ-ME UMA SENSAÇÃO DE DIVINDADE. AFINAL DE CONTAS EU SOU COMO UM DEUS PARA AS PERSONAGENS.

Tens complexos sexuais?

Autor – HÃ?!

Sim, se sentes alguma inferioridade a nível sexual e por isso tenhas de te engrandecer de outras formas. Tu podes estar a escrever em Caps Lock por achares que o tamanho das letras vai compensar o tamanho de… bem tu sabes.

Autor – DEVES TER A MANIA QUE ÉS O FREUD. ISTO NÃO TEM NADA A VER COM SEXO. NA REALIDADE É MAIS UM VÍCIO, ALGO QUE COMECEI A FAZER E QUE AGORA NÃO CONSIGO LARGAR. E COMO NÃO HÁ CLÍNICAS DE REABILITAÇÃO PARA VICIADOS EM ESCREVER COM MAIÚSCULAS…

Tenta.

Autor – NÃO CONSIGO. ESPERA, TENHO DE CONSEGUIR! TEEEEEeEeEEnHOo dE CONssssSsssssEGUIiiiIRRRR…. BAH DESISTO!

Conseguiste algumas minúsculas! Tens de procurar ajuda.

Bem, acho que chegámos ao fim.

Autor – AO FIM MESMO FIM OU APENAS AO FIM?

No que depende de mim chegámos ao fim dos fins.

Autor – AGORA NÃO DIZES O “CONTINUA…”.

Não, mas tenho de admitir que tenho algumas saudades do “Continua…”. Embora dê uma sensação de frustração, dá também uma pica para continuar a ler.

Autor – SENDO ASSIM QUE VAIS DIZER?

Mmmmmm…. Já sei! Podemos acabar?

Autor – FAZ AS HONRAS.

E assim a história do génio da lâmpada acabou. A Rapariga voltou para a sua terra natal, o Génio é agora um ditador sul-americano chamado Ramirez, o Mário e o Sandro viajaram para Tenerife, o Diogo ficou na floresta com os seus “dragões”, o Fritz voltou para a Alemanha e trabalha agora na salsicharia do tio, a personagem conveniente continua a aparecer convenientemente em anúncios, o Autor vai escrever outras coisas e o narrador narrar outras.

E não continua…


Ivocatii

domingo, 20 de junho de 2010

Um pequeno contraste...


Foto tirada por mim.


Achei curioso o contraste ideológico presente nos nomes destes dois estabelecimentos vizinhos. O bar A Taverna do Lorde e a sede do Partido Comunista na Amora.



Ivocatii

terça-feira, 15 de junho de 2010

Pérolas

Quero só aqui partilhar convosco algumas frases bastante curiosas que oiço dizer e que ocasionalmente eu próprio digo. Há para todos os gostos.

Pensar de forma negativa não é positivo.

A honestidade é uma das características que me caracterizam.

Mete em "normal" porque em "very hard" é muito difícil.

Primeiro tens de rebobinar para trás.

Na Natureza isso é natural acontecer.

O argentino Ernesto "Che" Guevara é um dos cubanos mais famosos.

Eu sei que estavas a mentir mas disseste uma grande verdade.

A República Dominicana não tem rei, pois não?

Irrita-me essa tua mania de andares sempre a irritar pessoas.

Tu não vês que andas cego?

Dá-me só mais um segundo que eu despacho isto num minuto.

O Renascimento foi quando os gregos voltaram.

O Universo é infinito do princípio até ao fim.

Oh eu queria ver o epílogo mas só o mostram no final!

E para terminar, o clássico dos clássicos:

Olá! Então estás aqui?


Ivocatii

domingo, 6 de junho de 2010

A Ditadura do Paralelepípedo

Fizeram-me esta pergunta:

De quem é a culpa do desemprego em Portugal?

E esta foi a minha resposta:

A culpa é do Cubismo que foi o movimento de vanguarda do Modernismo. O Cubismo surgiu na segunda metade do século XIX e tratou-se da separação entre o cubo e o paralelepípedo, aliás antes do movimento cubista nem sequer havia o conceito de paralelepípedo. Tudo era cubo. Nós hoje temos a arrogante tendência de achar que os cubos têm os lados quadrados mas antigamente os cubos tinham os lados rectangulares. O cubo teve inclusive um papel preponderante no Renascimento e na Revolução Industrial. E digam-me lá, seus arrogantes sofistas, se o cubo poderia alguma vez ter provocado a industrialização se apenas fosse cubo aquele que tem os lados quadrados. Sim, porque o cubo de faces quadradas é uma minoria que até à altura não tinha qualquer tipo de expressão social, talvez porque a sociedade ainda não se tinha desenvolvido ao ponto de necessitar a separação do cubo de faces quadradas dos restantes cubos. Mas com os movimentos modernistas foi criada esta super classe – o paralelepípedo – conduzindo à ostracização do cubo de faces quadradas. Chamaram-lhe o «verdadeiro» cubo e aos outros deram um nome artificial e sintético: paralelepípedo. Devido a essa separação o cubo moderno teve de se desenvolver num ambiente underground, frequentando cafés e tertúlias em zonas “não recomendáveis” enquanto assistia à opulência imperialista do dito «paralelepípedo». Primeiro começaram as deportações dos cubos que não “interessavam”. Depois as perseguições e prisões dos cubos que se faziam ouvir entre a multidão. Um ódio pelo cubo comparável ao anti-semitismo alemão. Aqueles «paralelepípedos» esquecem-se que em conjunto com os cubos foram responsáveis pela Revolução Industrial, pela ascensão da burguesia que Marx e Engels viriam a criticar e pelo declínio da Europa feudal ainda com o fétido cheiro da Peste. Esses «paralelepípedos» esquecem-se que já foram cubos, que aliás ainda o são, da mesma forma que os cristãos que perseguem judeus se esquecem que os primeiros cristãos eram judeus.

Foi esta a minha resposta, o leitor que tire as suas próprias conclusões.



Ivocatii

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Papa-€uros

Para variar (e para variar mesmo) decidi desta vez abordar um assunto actual que se passou nestes últimos dias.
Quando soube que a visita de Joseph Ratzinger a Portugal seria paga pelo Estado português fiquei admirado como é que um país que se diz “constitucionalmente laico” pagaria a visita de um líder religioso. Mas tinha sido ignorância minha, pois não sabia eu que ele estava a ser recebido não como Papa da Igreja Católica Romana mas sim como Chefe de Estado do Vaticano. Apenas a título de curiosidade (e sem querer sugerir nada), o Vaticano é um Estado desde que o Tratado de Latrão foi assinado em 1929 entre o Papa Pio XI e o ditador italiano Benito Mussolini, id est o Vaticano é um país e Joseph Ratzinger um Chefe de Estado graças a Mussolini. Achei que o Papa vir mascarado de Chefe de Estado não passava de uma desculpa esfarrapada mas ainda assim não dei muito mais atenção ao assunto.
Foi então que no programa Sinais de Fogo apresentado por Miguel Sousa Tavares vi uma reportagem (que pode ser vista aqui ou aqui) sobre os custos da visita de Joseph Ratzinger e fiquei boquiaberto. Aqui está um resumo escrito das despesas papais (valores aproximados):

Altar da missa no Terreiro do Paço - €200 000
Cartazes, anúncios e merchadising - €220 000
Tolerância de ponto no sector público - €37 000 000
Tolerância de ponto no sector privado - €37 000 000
“Obras públicas” da Câmara Municipal de Ourém - €435 000
Aviões e helicópteros - €40 000 por hora
Hércules C-130 buscar o papa-móvel a Roma - €40 000

Total – mais de €75 000 000

Isto não inclui os efectivos da PSP, INEM, GNR e Marinha.
Ora com tanto dinheiro gasto pergunto: que utilidade tem a visita do Papa a Portugal? Nenhuma pelos vistos. Já para não falar de que quem não quer a visita do Papa, seja católico ou não, é obrigado a pagá-la.
Uma outra coisa que me indignou bastante foi a forma como o Presidente da República recebeu Joseph Ratzinger. Achei vergonhoso um Chefe de Estado, que representa um país e cuja obrigação é defender a Constituição e a Soberania nacional, rebaixar-se perante um líder religioso. Ups! Afinal é um Chefe de Estado estrangeiro, já me ia esquecendo, mas continua a ser ridículo.
Sugiro que, já que é moda pagar com dinheiro público as cerimónias religiosas de “Chefes de Estado” estrangeiros que fazem voluntariado como líderes religiosos, da próxima vez que o Presidente de Israel cá vier vamos todos celebrar a Hanukkah no Parque Eduardo VII ou quando o Primeiro-Ministro indiano nos visitar vamos todos despejar os mortos no Tejo (desde que seja com o dinheiro dos contribuintes).

Comentário: Achei bastante irónico a missa em Lisboa ter sido celebrada no Terreiro do Paço pois, como devem saber, era aí que no século XVIII se faziam os autos-de-fé.



Ivocatii

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Wikiirritante

Resolvi escrever esta [1] pequena [quotation needed] frase para [2] que [quotation needed] o leitor perceba [3] o quão irritante [quotation needed] é ler um [4] artigo [quotation needed] na Wikipédia.


Ivocatii

sábado, 17 de abril de 2010

A ficção por detrás da História

Há uma coisa que eu não tenho e há outra que eu tenho. O que eu não tenho é algo de interessante para fazer, por isso escrevi este texto. E o que eu tenho é uma versão alternativa ao assassinato de Júlio César (e isto não foi inventado pelo Shakespear).

César ia na sua vidinha a entrar no Senado quando viu o seu amigo e “filho”, Brutus, a acenar juntamente com Cássio e o resto de seus amiguinhos. César acenou, fez um sorriso maroto, piscou o olho e mandou um beijinho (e nada mais adiantarei, o leitor que tire as suas próprias conclusões). Mas o que César não reparou foi que o chão de pedra tinha sido acabado de lavar. E quando Brutus e seus amigos, que estavam a comer queijo com as facas, se aproximaram de César para o saudarem pelo seu Triunfo, César escorregou no piso molhado e caiu sobre a faca de Cássio. O grupo inteiro ficou pasmado pelo que acabara de acontecer e ficaram inertes pelo choque pois eram pessoas muito sensíveis. César voltou a escorregar, desta vez no seu sangue, e caiu sobre a faca de um outro comedor de queijo. A situação repetiu-se mais de vinte vezes pois cada vez havia mais sangue no chão e mais escorregadio este ficava. O grupo continuava paralisado pelo choque (pois eram pessoas muito sensíveis) e com as facas viradas para a frente. Quando finalmente o ditador caiu ao chão depois de ter caído vinte e duas vezes sobre as facas de cortar queijo, Brutus aproximou-se para fazer RPA (Reanimação Pós-Apunhalado) mas esqueceu-se que ainda tinha a faca virada para a frente e ao pressionar o peito para reanimar César espetou sem querer a faca no coração do seu “pai”. César morreu mas antes disse «Et tu, Brutus?». Algumas mentes maldosas poderiam pensar que César estava a acusar Brutus de o ter assassinado mas existe uma explicação muito simples. Toda a gente sabia que César era um expert em queijos e ao ver que Brutus também já tinha aderido á moda dos queijos gregos de baixa qualidade ficou decepcionado e disse «Até tu, Brutus?». Se César tivesse vivido mais uns instantes teria completado a frase e dito «Até tu, Brutus, já comes dessa porcaria?»

Dado este trágico acidente, Brutus, Cássio e os demais resolveram fazer a única coisa que se pode fazer quando um chefe de estado cai em cima das nossas facas de cortar queijo: declararam César um Tirano. Brutus tinha muitas qualidades, mas escolher queijo e falar em público não estavam incluídas. Por isso, no funeral de César, o fervoroso discurso de Marco António com togas ensanguentadas convenceu melhor a população do que o simples «Ups!» de Brutus.


Ivocatii

domingo, 7 de março de 2010

O Cantinho das Polémicas: Casamento Homossexual

Se há coisa que detesto é falar das coisas quando elas acontecem, por isso resolvi só abordar este assunto passado algum tempo desde que a famosa lei foi aprovada. É mais uma do multiplex de polémicas que é a política portuguesa. Ora estão a falar das escutas, ora falam do BPN, ora inventam qualquer coisa polémica para fazer um referendo. E desta vez foi a questão do casamento homossexual.

De início fiquei chocado com esta proposta de lei pois apenas tinha tido conhecimento dela através da boca de conservadores e pelo que diziam dava a impressão que esta lei me ia obrigar a ser homossexual. Mas depois fui realmente ver do que se tratava e senti-me aliviado ao ver que afinal os heterossexuais podiam continuar a sê-lo. Por isso, hoje posso afirmar que sou a favor dessa lei. Mas claro que não me fiquei por aí. Quis saber quais os argumentos de ambas as partes da discussão. Os «a favor» afirmam que os homossexuais têm o mesmo direito a poder gozar dos benefícios que o estatuto de casado oferece. Os «contra» recorrem à já muito gasta conversa da família e tradição que, pelos vistos, serve de argumento em tudo. Os conservadores mais atrevidos usam ainda a religião como se esta servisse como prova legal. E quando tudo falha recorrem à coisa menos esperada… um dicionário! Cheguei então à conclusão que o que afinal está a ser discutido não é o acto legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo mas sim a semântica da palavra “casamento”. Fui ao meu Dicionário da Língua Portuguesa e encontrei esta definição para a palavra casamento:

Casamento, s. m. acto ou efeito de casar; união legal de homem e mulher para constituir família; enlace; núpcias; matrimónio; fig. união.

A meu ver, se à união legal de pessoas do mesmo sexo com exactamente os mesmos privilégios que o casamento tradicional chamassem abacaxi deixaria de haver problemas para os conservadores.

Na minha opinião, esta questão é bastante séria, pois está em causa os direitos constitucionais de cidadãos portugueses, para que uma definição de dicionário seja usada em defesa de uma posição. Isso só demonstra a solidez lógica dos «contras». Mas voltando aos argumentos primários dos conservadores – a família e tradição. Quanto à tradição, esta é muito subjectiva e muda ao longo dos tempos. Os Astecas tinham a tradição de sacrificar humanos para imitar o acto do deus Quetzalcoatl acreditando que com isso fariam o sol brilhar e a chuva cair. Algumas tribos africanas tinham a tradição de enterrar vivas duas crianças quando morria o ancião da aldeia. Em algumas regiões de Portugal, em pleno século XXI, há a tradição de enterrar uma galinha até ao pescoço e apedrejar-lhe a cabeça até à morte. Por isso não venham com a conversa da tradição. Quanto à questão do respeito pela família, continuo a questionar-me em que medida é que a família é prejudicada com a legalização do abacaxi. Será que um casal heterossexual com filhos vai tornar-se disfuncional e cair na desgraça por ter como vizinhos do lado um casal de homossexuais? Não me parece. Vejam o exemplo dos países que já aprovaram essa lei há anos. Eles continuam a ter forças policiais, continuam a ter filhos, continuam a ir à escola, até a própria economia continua, em crise claro, mas continua! Não vejo também a necessidade da realização de um referendo porque, pondo-me na pele dum homossexual com intenção de casar, não acho que um heterossexual, casado ou solteiro, com ou sem filhos, tenha de decidir se eu caso ou não.

Concluo por dizer que sou a favor (como já tinha dito) do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, ou abacaxi se preferirem, mas que compreendo até certo ponto o facto das pessoas, principalmente as mais velhas, o acharem estranho. Mas, como tudo, é uma questão de hábito. As leis não são estáticas, mudam, renovam-se, inventam-se, anulam-se e o que parece inaceitável numa época torna-se aceitável na outra. Por exemplo, há 100 anos achariam absurdo uma mulher votar, há 300 achariam absurdo abolir a escravatura e por aí fora… Quanto à questão da adopção de crianças por casais homossexuais, vou deixar para um outro post porque, ao contrário dos «contras», eu sei separar o casamento da adopção.


Ivocatii

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Toda a Verdade sobre o Ecoterrorismo

“Duzentos activistas deitam fogo a dois hectares de terreno de cultivo de arroz transgénico”
Fonte noticiosa

Os activistas reclamam que foram provocados, o arroz não se pronuncia a esse respeito; as autoridades, para variar, estão confusas
.
Os incendiários actuam encapuçados e vestidos de negro parecendo, como tal, verdadeiros terroristas (existe mesmo quem considere este movimento como a mais recente forma de terrorismo – ecoterrorismo, na minha opinião, isso não passa, no entanto, de ecoestupidez).
Na comunidade científica não existe ainda um consenso em relação a estes organismos geneticamente modificados no que respeita às suas possíveis consequências nefastas para a saúde, não só do Homem, mas também do equilíbrio do próprio ecossistema.
Mesmo no que toca a terrorismo, há que concordar que estes vândalos deixam um bocado a desejar. Um terrorista que se preze rebenta com edifícios, autocarros ou até mesmo consigo próprios! Estes senhores andam por aí a explodir com maçarocas de milho, essas malvadas e funestas maçarocas. Um fundamentalista islâmico, um dos meus terroristas “favoritos”, sabe que tem à sua espera no céu, se morrer ao serviço de Alá, 72 virgens, estes senhores sonham e agem de acordo com a esperança de ter no céu à sua espera 72 alfaces biológicas.

Além disso, incendiar culturas agrícolas de qualquer espécie faz tanto sentido como ir a uma estrebaria e espancar uma mula; um animal que resulta da mistura de genes e, como tal, geneticamente modificado.
Anda a comunidade científica a investir milhões para fazer o que um cavalo e uma burra sem qualquer formação escolar fazem em 10 minutos.
Isto realmente…

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Já agora citando...

Há muitas citações de personalidades históricas famosas. Entre elas encontramos o “alea iacta est” e o “kai su, teknon?” de Júlio César (sim, os romanos falavam grego), as metáforas de tudo quanto é profeta, o “no entanto ela move-se” de Galileu, o “gott ist tot” de Nietzsche, etc. Há para todos os gostos, desde a “ditadura do proletariado constitui-se na transição para atingir uma sociedade sem classes" de Marx ao simples “kaput!” de Manfred von Richthofen. Umas verdadeiras, outras inventadas pelo Shakespeare, o que não falta são citações. Mas algumas foram esquecidas pela História que, como devem saber, sofre de graves problemas de memória. Basta ver que há quem negue o Holocausto.
Eu decidi então revelar essas citações menos conhecidas. Não me perguntem como as descobri porque detesto ter de dizer “não sei”.

"Ainda me vou lixar por tua causa." - Júlio César para Brutus

"Não tens vergonha? És sempre o último." - Júlio César para Brutus outra vez.

"A matemática é perigosa. Qualquer dia morro no meio de uma soma." - Jesus

"Pai!" - César Bórgia para o Papa Alexandre VI

"Este ano sou capaz de ir a Moscovo." - Napoleão Bonaparte em 1812

"Tenho uma ideia brilhante!" - Thomas Edison

"A minha mãe não me dá nenhuma independência." - D. Afonso Henriques

"O que achas melhor: França ou o Taiti?" - Hitler para Eva Braun

"Percebeste agora o que aconteceu em Guernica ou queres que te faça um desenho?" - Picasso para o amigo

"Devia haver uma maneira de os actores só representarem uma vez e as pessoas assistirem várias vezes." - um dos Irmãos Lumière

"Não sei porquê mas não gosto muito de vermelho." - Czar Nicolau II

"Têm planos para sexta-feira dia 13?" - Papa Clemente V para os Templários

"Gostava de experimentar comida indiana." - Vasco da Gama

"A gasolina está cada vez mais cara." - Rudolf Diesel

"Hoje sinto-me cheio de energia!" - Alessandro Volta

"Esta noite sonhei que as minhas comédias tinham piada." - Shakespeare enquanto escrevia Sonho de uma Noite de Verão

"Saltar é tão cansativo! Parece que somos atraídos para o chão." - Isaac Newton numa aula de Educação Física

"A minha mulher tem um bom físico." - Albert Einstein

"O senhor Cônsul que vá pastar!" - Imperador Calígula depois de nomear o cavalo como Cônsul

"Malditos galileus! Este ano já é o 15º que me aparece à frente." - Poncius Pilatos

"Estou desconfiada que o meu marido tem uma amante. Passa sempre o Natal fora de casa." - Mulher do Pai Natal

"Gostava de aprender mais sobre guilhotinas." - Maria Antonieta

"Está frio! Querem que acenda uma fogueira? " - Nero


Ivocatii

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Uma Questão Titular

Depois duma longa ausência, decidi regressar aos afazeres bloguisticos. Não tão longa ausência como a da Cats, mas dessa não sei o motivo, presumo que esteja a tentar transformar o Congo numa superpotência económica ou algo do género…

Ao longo da História vários homens e mulheres escreveram livros. Uns deram-lhes títulos comuns como O português que nos pariu e outros optaram por títulos mais estranhos como A Ilíada, Don Juan ou até mesmo aquela colectânea de livros onde está o Génesis e o Êxodo, a qual não me recordo o nome. Mas isso tudo de pouco interessava porque quase ninguém sabia ler. Foi então que um eremita que habitava nas regiões mais inóspitas da Margem Sul se lembrou de fazer uma lista dos títulos que muito pouco provavelmente iriam ser publicados. E durante muito, muito, mas mesmo muito tempo… mais de dois dias, ele escreveu sem parar, excepto para as refeições e aulas. E foi num estado debilitado e já sub-nutrido por estar há mais de três horas sem petiscar nada a não ser um pacote de bolos sortidos, que ele iniciou a sua conta Blogger e publicou esta lista, à qual engenhosamente chamou de Lista dos Títulos que Muito Pouco Provavelmente vão ser Publicados.

Assassine brutalmente a sua família. E mantenha a sua integridade moral!

Nazismo para Totós: um guia prático para o Nacional-Socialismo.

Volta ao Vaticano em oitenta dias.

A influência do Renascentismo nas sociedades tribais do Burkina Faso.

O papel dos Curdos na sociedade iraquiana dos anos 80.

Israel e Palestina: a cantar desde 1948.

Os Lusíadas II: Adamastor revisited

Porque estamos aqui?: uma das grandes questões da Botânica.

Porrada, Álcool e Pornografia: a Trindade da Pedagogia.

Poemas de Latrina: poesia de merda... literalmente.

Informática e Cerâmica Japonesa do século XVIII.

O Menino, a Cidade e o Fogo: as aventuras do pequeno Nero.

Selecção Natural: aprenda com Darwin a seleccionar as melhores carnes.

"Oh! Oh! Oh!" ou "Ho! Ho! Ho!"?: as perversões sexuais de São Nicolau.

Se estar condenado à morte ou em estado terminal o faz sentir deprimido? Pense no futuro!

Música, Diversão e Antrax: o guia para festas.

Depenada viva: diário de uma galinha.

Diário de Anne Frank: bisbilhotar a vida íntima duma rapariga de 15 anos.

(em possível actualização…)



Ivocatii