quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Génio da Lâmpada (parte 2)

Arreliada pelo mau negócio de ter comprado aquela lâmpada enferrujada contendo um génio inútil (mais valia ter ido lanchar à pastelaria) a rapariga decidiu que era horas de voltar para casa até porque a sua gata já deveria estar a morrer de fome. Umas horas depois já em sua casa rapariga atira com a lâmpada para um canto para não estorvar e vai-se embora não se lembrando mais daquele objecto sem função alguma. Ora passado umas semanas a rapariga estava no quarto quando a sua gata roça sem querer (como se os animais tivessem querer) na lâmpada e dela sai um génio mal-humorado que lhe pergunta qual é o seu primeiro desejo dos três a que tem direito. Nisto a rapariga demora a decidir qual o desejo a pedir e o génio com a sua educada cortesia diz “Fogo pá! Vê lá se te despachas que eu tenho mais que fazer.” (é o que dá génios de segunda categoria). A rapariga pede então o seu desejo: “Não quero ter mais insónias.”. O génio como seria de esperar apenas cumpre metade do desejo e dá à rapariga umas insónias mais agradáveis. Dias depois a rapariga pede ao génio o segundo desejo: “Quero ter o meu amor aqui para o poder beijar e abraçar.”. Como era já habitual o génio não cumpre o desejo totalmente e realmente o rapaz vai ter com ela nas férias do Carnaval mas em vez de lhe ter arranjado um tipo como deve de ser, foi buscar um badocha com um cabelo que parece que dormiu em cima dum ventilador e com uma irritante pêra no queixo. A rapariga teve de se contentar já que não havia mais nada. Ela já tinha medo de pedir o que quer que fosse. Então o génio voltou para a lâmpada onde aguarda que a rapariga peça o seu terceiro e último desejo. E qual será este desejo?...

Continua...

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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Tomates

Estava eu na relativa tranquilidade de uma aula de Biologia quando a minha adorável professora (só para dar graxa) expôs no quadro um acetato com uma tabela mostrando o numero de pares de cromossomas de vários seres vivos incluindo os humanos. Ora qual foi o meu espanto quando reparei que os tomates (Solanum lycopersicum) têm 24 pares de cromossomas e os humanos apenas 23. Usando a lógica “do povo” cheguei a brilhante (mas estúpida) conclusão que os tomates são geneticamente mais complexos que os humanos.
Imediatamente o meu pensamento saiu daquela sala de aula do pavilhão E e começou a divagar por um mundo governado por tomates em que nós eramos mantidos cativos em “plantações” de humanos. Comecei de seguida a imaginar como seria a Assembleia da Republica cheia de tomates (se é que já não os há) a tomarem decisões. Como seria toda uma civilização ser dominada por algo que se põe nas saladas. Ou até mesmo aquela aula ser dada por um tomate em vez de uma professora.
Subitamente tocou para a saída e nunca mais me lembrei disto…


Ivocatii

domingo, 4 de janeiro de 2009

Toda a Verdade sobre o Mini-Terrorismo...

Por vezes vamos na rua e deparamo-nos com um bando de miudos, em fila e de mãos dadas dois-a-dois com a respectiva professora primária à frente.
As Donas Armindas pensarão "Mas que bem, vão levar os meninos ao passeio."

Mas eu, que sou uma visionária vejo claramente aquilo que se trata; trata-se de permitirem aos vândalos (criancinhas) um pouco de ar fresco. Para suportar a minha tese fui então às origens do problema e resolvi então visualizar profundamente o comportamento de tão temíveis criaturas no seu habitat natural.

Fiz as malinhas e fui então a caminho da EuroDisney, Paris. Nas notícias ouvem-se por vezes relatos de carros incendiados nas ruas parisienses devido a conflitos inter-raciais e fiquei um bocado apreensiva durante a viagem. Mas também, quem não fica assim a 2400 pés de altitude ou é o Chuck Norris ou não interessa para as estatísticas.
Aterrei em Charles de Gaulle e no decorrer da longa espera que é a chagada das malas no tradicional tapete rolante lembrei-me da história da cegonha.

  • Os bebés quando nascem são transportados no bico de uma ave que é a cegonha (Ciconia spp.). Estes são produzidos numa fábrica também situada em Paris (que toda a gente conhece como a Cidade do Amor; por isso esta lenda até tem um fundo de verdade)

Bem, ainda bem que cá estou, pensei eu, assim fica logo o assunto arrumado. Já no taxi, pedi ao (adivinhem) taxista que desse uma volta pela Cidade das Luzes e realmente não vi nenhum tumulto já era tarde e dirigi-me ao hotel, onde já estavam alojadas as minhas priminhas, bem como os meus tios, devendo apenas deixar presente que estavam ambos à beira de um esgotamento nervoso. Fui dormir, no dia seguinte começaria o safari nessa grande savana selvagem que é o parque de diversões da EuroDisney. Mal sabia eu que o dia seguinte deixaria marcas profundas na minha personalidade.

Nunca tinha visto tantos vândalos juntos, toda aquela criancisse deixou-me... Enjoada. Uns guinchavam, outros esfregavam-se no chão, outros, esses bem mais desenvolvidos, guinchavam e esfregavam-se no chão ao mesmo tempo. É preciso ter arte!

É de sublinhar que também levei comigo os meus próprios espécimes (as minhas priminhas de quem eu gosto tanto, especialmente porque estão longe) e estas, que por herança genética ou simples respeito à autoridade superior que era... Eu (pobre de mim), não guinchavam nem se esfregavam no chão, elas bem tentaram, mas eu não deixei.

O que não pude mesmo evitar foi quando elas viram o Pato Donald e desataram a correr para ele, que já se via à braços numa luta desigual com dois monstrinhos agarrados a uma perna e outro a roer-lhe as penas do rabo. Ao avistar as minhas primas o Pato Donald desatou a correr para tentar atingir uma portinhola de acesso apenas a funcionários; mais tarde vim a saber que também o Rato Mickey lá se encontrava barricado.

Foi então que decidi "Só se é criança uma vez" e com um enxerto de pancada, o Pato Donald resolveu tirar uma fotografia com as minhas priminhas. Mais tarde, quando revelámos as fotografias elas disseram "Prima? Poque é que o Pato Donald estava a chorar?" e eu calmamente respondi: " Estava emocionado de vos ver."

Só se é criança uma vez.

O Génio da Lâmpada (parte 1)

Era uma vez… há muito, mas mesmo muito tempo, antes ainda de terem descoberto a pólvora ou até mesmo antes de terem inventado a roda ou a escrita. Num tempo remoto quando o João Baião ainda apresentava o Big Show SIC, quando o Mário Soares ainda estava em formato MP2, quando ainda o DragonBall estava na primeira série e ainda não se ouvia falar cá de DVD’s, nem de MP3’s, nem havia estas coisas de “internetes”. Num tempo longínquo em que as crianças se entretinham a ver Chuck Norris em Walker, o ranger do Texas e o Justiceiro em vez dos Morangos com Açúcar. No tempo onde este blogue não teria sido possível (que bom que era não me terem a mim e à Cats a atormentar o senhor leitor). Nesse tempo existia uma lâmpada aqui no Deserto da Margem Sul. Certa ocasião uma rapariga de Lisboa ao passar por um comerciante no oásis do Fogueteiro reparou numa lâmpada enferrujada que estava em saldo e comprou-a por 2.40€ (parecendo que não ainda é dinheiro) e abriu a lâmpada. De dentro saiu um génio ainda a bocejar, via-se claramente que era um génio de segunda categoria, daqueles que só cumprem meio-desejo e que exigem subsídios de alimentação mas que não prestam para cozinhar. A rapariga depressa viu que o génio não servia para nada.

Continua...


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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Nobreza

Tanta nobreza que há no nosso país! Tão nobre que nos é este “cu” da Europa! E como qualquer cu que se preze é por ele que saem os dejectos.
Abunda pelas ruas de Portugal uma tal nobreza que tropeçamos em nobres pelos passeios. Eles estão lá, junto às pedras da calçada, entre o sinal de trânsito mal posto e o “presente” que o cão da vizinha deixou quando a dona o levou a “passear” à rua. Isto é um país cheio de nobreza! Tão nobre é o D. Fulano de Tal, conde de Algures e duque de Nenhures como é nobre as cuecas que o tio Alfredo não muda há mais de três dias. E falar da nobreza de um povo sem falar do quão nobre é o seu Governo é pois então um crime.
Este nobre Governo que tão nobremente rege este país, ou finge que rege, julgando ordenar a desordem desta anarquia hierarquizada. Ah… mas tão nobre que é este Governo Socialista! Tão nobre como as salsichas Nobre… eis então a famosa Salsicha Socialista (não confundir com as SS – Schutzstaffel nazis). Não passam, pois, de umas salsichas que se julgam socialistas, mas que na realidade não passam de lacaios do já old-fashioned capitalismo de direita. Pobre Marx que se encontra às voltas no túmulo cada vez que há um comício, jantarada ou churrasco da malta do PS. E mais voltas e reviravoltas deve dar quando ouve o Sr. Eng. a libertar os dejectos pela boca sob a forma de discurso. Afinal não nos esqueçamos que foi Sócrates que ensinou Platão.
Mas para que serve tanta nobreza então? Já digo eu neste pequeno poema que fiz:


Para que me serve ser conde?
Duque ou marquês não sei de onde?
Ser nobre sem dinheiro
É ter um condado debaixo de um pinheiro


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Conto de Natal (Terceira e última parte)

Quando dobrámos a esquina da minha rua, o mendigo decidiu finalmente meter conversa. Eu, cá por mim, preferia o silêncio mas enfim, era Natal.

"Gostei muito do teu gesto, minha filha; por vezes uma outra pessoa dá uma esmolinha ou uns pastelinhos de há dez dias como o senhor do café da Rua dos Bacalhaus que, aliás, é uma simpatia, se os pastelinhos tivessem só menos um dia tinha de ser eu a pagá-los como qualquer cliente dele. Mas tu, minha filha, deste calor humano, que também faz alta a um pobre pedinte como eu."

Constrangida disse: "Sabe, deixe estar, é que foi sem intenção, eu tenho namorado percebe?" Ao entrar no prédio o mendigo começou a rodopiar e de repente... já não era mendigo, envergava uma longa bata branca, se bem que o branca era assim um bocado encardido e não era assim tão longa. Cá por mim, recomendava-lhe Neoblanc.

Ex-mendigo: "Minha filha, tu realizaste a melhor das boas acções de Natal e como tal o céu conceder-te-á um desejo."
Eu: "Epá, mas tu és Jesus?"
O agora ex-mendigo, começou a rir desbragadamente.
Ex-mendigo: "Deves achar-te muito importante deves! Não pá, sou um apenas ou anjo normal; pronto, um anjo de segunda categoria... Sou o Anjo Ismael"
Eu: "Ahhhhh... Nunca ouvi falar; mas realmente, sabe, eu não acredito em Deus nem em nada dessas coisas do céu, isso é tudo uma grande fantuchada"
Ex-mendigo: "Mas eu apareci-te à frente e mesmo assim não acreditas?!"
Eu: Uh... Pois, não, nem por isso. E não preciso de nada, comprei uns ténis a semana passada e já fevei o carro ao mecânico."

Então o Anjo Ismael descarregou em mim uma quantidade celestial de porrada messiânica e ainda hoje me dói o rim do meio e tudo.

Era noite de Natal!