Sabem como é naqueles dias em que acordamos com os pés de fora e só nos apetece mandar vir com tudo o que nos aparece à frente? Pois bem, hoje acordei assim. Tudo na minha casa parecia existir parra me arreliar. Decidi então ir dar uma volta depois de almoço. Pus-me a andar, andar… sempre mergulhado nos meus pensamentos mais profundos e filosóficos como por exemplo: epá já comia qualquer coisa. Quando dei conta já estava no parque da Amora, aquele lá em baixo junto ao rio e sentei-me naqueles blocos de pedra que as pessoas usam como bancos. Do outro lado do rio, aí a uns quatrocentos ou quinhentos metros (perdoem-me a minha péssima noção de distância) avisto o Seixal e a Arrentela. E se deslocar a minha visão ainda mais longe consigo ver Lisboa lá muito ao fundo. Mas vamos prestar atenção ao que está mais perto porque um Homem não deve querer mais do que o seu nariz consegue cheirar. À minha frente passa num triciclo uma menina que não lhe dou mais de cinco anos e atrás vêm os pais de mãos dadas, os avós no mesmo e o irmão mais velho que já deve estar na casa dos dez. Dava um quadro engraçado aquela família a passear ao domingo no parque, as crianças sorridentes e a brincar, os casais de mãos dadas e com uma cara alegre, tudo num mar de alegria como se não fossem uma família disfuncional. Escondem bem, escondem! Por detrás daqueles sorrisos estão uma carrada de problemas que geram discussões e discussões que geram problemas. Enfim… por quanto tempo mais irão fingir serem uma família perfeita? A minha visão move-se ao ritmo do meu olfacto quando um miúdo se senta ao meu lado a comer um pacote de bolachas. Toda a minha boca é um dilúvio de baba por tanto desejar uma daquelas deliciosas bolachas com recheio de chocolate. Ai se eu adoro chocolate! A minha grande paixão, ou segunda grande paixão que paixões há muitas mas só uma é que é a maior, e a minha maior paixão não se encontrava de corpo ali embora estivesse presente no meu pensamento. Já os meus olhos apontavam para as escassas nuvens que rastejavam pelo céu quando senti um toque no braço, era o miúdo a oferecer-me uma bolacha. Sorri e aceitei. Depois de comer a bolacha perguntei ao cachopo pelos pais dele, ao que ele respondeu: estão a trabalhar, eu encontrei um euro atrás do sofá e vim comprar um pacote de bolachas. Ao dizer-me aquilo pensei em como aquele miúdo tinha tantas coisas em comum comigo. Levei a mão ao bolso e tirei uma moeda de um euro e dei-lha. Ele agradeceu e foi-se embora. Eu também me fui para casa e para a minha plácida vida.
Hum… hum… o personagem principal volta à sua rotina habitual… hum… cheira-me a final da história. É neste momento que o leitor(a) se põe a pensar: “Mas que raio quer ele dizer com tudo isto? Uma família que finge ser feliz para esconder os problemas? Um miúdo vindo do nada que por ser generoso foi recompensado com mais do que teria se tivesse sido egoísta? Qual será a moral desta história?”. Pois bem, não faço a mínima ideia.
Ivocatii
3 comentários:
Podia ser melhor....
Eu sei onde moras, ó Ilhas do Destino. Até já tenho um missil nuclear apontado para a tua casa.
nada mal mas prefiro o genio da lampada x'DD
nice text
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